“A última coisa que o homem descobre é a si mesmo. É
uma verdade singular, e contudo universal, a de que, no homem, a sede por
conhecimento houvesse de começar pelo mais distante e terminar pelo mais
próximo. O homem primitivo estudou o firmamento, mas somente o homem moderno
começa a explorar os mistérios de sua própria Alma. (...)
Mas em sua longa peregrinação a Alma chega o tempo em
que a vida se torna impossível a não ser que lhe conheça o motivo. É quando,
desiludida do mundo circundante no qual o supremo contentamento jamais pode ser
encontrado, a Alma abandona por um momento sua peregrinação frenética por
ilusões e, em total exaustão, aquieta-se silenciosa e solitária. É nesse
momento que nasce em seu interior a consciência de um novo mundo; é assim que,
tendo desviado seu foco da fascinação do mundo circundante, a Alma descobre a
permanente realidade do mundo interior, o mundo do Ser. Então, e só então, são
respondidas as questões acerca da vida; porém, como disse Emerson, a Alma nunca
responde verbalmente, mas pelo próprio objeto procurado.”
(J. J. Van Der
Leeuw, Deuses no Exílio, Editora Teosófica, 2013, p. 15/16)