TEOSOFIA PRÁTICA

         Quando aplicamos a Teosofia no nosso dia-a-dia, os valores morais e éticos que vamos alicerçando com o passar do tempo se tornam um valor inestimável. Através do conhecimento e da aplicação das Leis que regem a natureza nos tornamos pessoas cônscias de nossas responsabilidades em relação ao outro, à sociedade e ao planeta, independente de leis promulgadas diariamente a fim de satisfazer algum segmento da sociedade.

       As virtudes desenvolvidas através dessa prática diária são levadas para a eternidade, fortalecendo o  caráter da pessoa, de forma que as adversidades que se apresentam à sua frente, não a desnorteiam. Apesar dessas dificuldades ela terá condições de discernir o qual caminho tomar e continuar sua jornada. 

       C. Jinarajadasa aborda esse tema sobre o que é chamado de verdades fundamentais para a evolução dos seres humanos, aplicado nas diversas atividades diárias. E, como falamos muito sobre a necessidade de fortalecer o caráter através do autoconhecimento e da aplicação dessas leis fundamentais, começamos hoje a trazer excertos do "Teosofia Prática", no qual  Jinarajadasa faz reflexões sobre como aplicar a Teosofia no viver diário.

       Primeiramente, veremos quais são as verdades fundamentais, que depois de conhecidas e compreendidas, dificilmente nos separamos delas.


        "Há três verdades teosóficas fundamentais que transformam a atitude do homem em relação à vida, quando ele começa a vivenciá-las. Estas verdades são:
1. O homem é uma alma imortal que evoluiu   através dos tempos até tornar-se um ideal de perfeição.

2. O desenvolvimento da alma ocorre quando ela    aprende a coopoerar com o Plano Divino, que é        a Evolução.

3. O homem aprende a cooperar com o Plano  de      Deus, em primeiro lugar, quando começa a ajudar os seus semelhantes.

       A primeira verdade nos ensina que o homem é uma alma e não um corpo; que o corpo é somente um instrumento usado pela alma e descartado por ela na ocasião da morte, quando já não serve mais aos seus propósitos. Esta primeira verdade também nos fala de Reencarnação ou processo de repetidos nascimentos na Terra, método por meio do qual a alma cresce através das experiências que acumula vida após vida, aumentando gradativamente sua sabedoria, força se beleza.
      A segunda verdade nos diz que o objetivo da vida não é a contemplação, mas a ação, e que cada ação da vida de um homem deveria ser orientada pela compreensão de que ele precisa se enquandrar harmoniosamente no Plano Divino da Evolução. (...)
        A terceira verdade nos ensina que cada homem está ligado por laços invisíveis a todos os seus semelhantes, que eles crescem e caem com ele do mesmo modo que seu destino está ligado ao deles; que somente quando ele ajuda o todo do qual é parte, realmente estará ajudando a si mesmo. O amor para com os nossos semelhantes e o altruismo em sua mais alta forma são, portanto, coisas essenciais ao nosso desenvolvimento."

C. Jinarajadasa, Teosofia Prática, Editora Teosófica, Brasília, 2012, pg. 7 a 9.

ÓRGÃOS FÍSICOS DA CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL


 

     "Há certos órgãos no corpo físico que são, uma vez desenvolvidos, o meio pelo qual a consciência espiritual e também a conscientização do reino psíquico podem ser trazidos à consciência física. As duas glândulas no cérebro, o corpo pituitário e a glândula pineal, são muito importantes a este respeito. Durante a vida, o cérebro, com todas as câmaras e centros, pulsa com luz. Mediante um esforço espiritual constante isto se intensifica e a luz toma um movimento oscilante. 'O arco da pulsação do corpo pituitário eleva-se, mais e mais, até que, qual uma corrente elétrica quando se choca com um objeto sólido, a corrente finalmente atinge a glândula pineal, e o órgão adormecido é despertado e posto a brilhar com o puro fogo Akáshico'.(1) Um vez desperta a glândula pineal, 'a luz que se irradia deste sétimo sentido ilumina os campos da infinidade. Por uma pequena fração do tempo o homem se torna onisciente; Passado e Futuro, Espaço e Tempo tornam-se para ele o presente (o Eterno Agora dos filósofos). Se é um Adepto, ele armazenará em sua memória física o conhecimento assim adquirido e nada, salvo o crime de se permitir magia negra, pode obliterar essa lembrança. Se é somente um chela (discípulo), apenas fragmentos de toda a verdade se imprimirão em sua memória, e ele terá de repetir o processo por muitos anos, nunca deixando que um grão de poeira o macule, mental ou fisicamente.'  

    Portanto a glândula pineal é o órgão físico para trazer a consciência espiritual à consciência física, e a glándula pituitária é o órgão para despertar a consciência do plano psíquico circundante. Ela é ligada também com os olhos e com o centro etérico entre as sobrancelhas. Outros transmissores físicos das impressões interiores são os sete grandes centros, mais ou menos correspondentes aos grandes plexos nervosos, chamados no Oriente Chacras ou 'Rodas'por causa de seus movimentos de rotação. Eles estão situados na base da espinha, próximo ao baço, na cintura (o familiar plexo solar), no coração, na garganta, entre as sobrancelhas e no topo da cabeça. Todos estes são, quando completamente desenvolvidos, órgãos de visão interior e de resposta. Eles podem ser desenvolvidos, especialmente, por certos meios ocultos, ligados com o estímulo e direção do 'fogo de Kundalini', enrolado na base da espinha, mas isto é muito perigoso e doloroso; a menos que seja feito sob a direção de um verdadeiro Adepto, deve ser deixado de parte. Os diversos chacras devem ser desenvolvidos natural e lentamente por uma vida espiritual e altruística.

      Há também três canais para o acesso das forças espirituais na espinha, chamados no Oriente os 'alentos vitais'. Um sobe em linha reta no centro da espinha e se irradia do grande chacra no topo da cabeça. Este é chamado no Oriente o Sushumna Nadi. Ele é acompanhado em cada lado por dois outros, um positivo e outro negativo, de acordo com as forças que veiculam, e chamados respectivamente Ida e Pingala. Eles se cruzam da maneira representada no símbolo antigo do Caduceu e, finalmente, um penetra no corpo pituitário e outro na glândula pineal. As asas no símbolo indicam a alma livre do homem que aprendeu a despertar e usar os poderes ocultos. É um fato interessante que as forças positivas e negativas agem em direções opostas nos corpos dos homens e das mulheres. 

    Pode-se discernir uma sensação de queimadura ou calor em certas partes da espinha. A mesma sensação poderá ser percebida às vezes na vizinhança dos chacras, bem como uma sensação de formigamento, assemelhada, no Oriente, ao 'movimento de uma formiga' Um estado de meditação acarreta por vezes uma sensação de calor. Esses pequenos sintomas são indicações de movimento e vida, mas não é necessário que sejam levados muito a sério. 

    A presença dos três 'alentos vitais' na espinha é uma das razões porque a postura de meditação, chamada posição “Lótus”, é a favorita no Oriente. Esta consistem em sentarse com as pernas cruzadas como se cruzam os braços, descansando assim sobre os ossos pélvicos e deixando a espinha ereta e livre. Isto é às vezes difícil de ser conseguido pelos ocidentais com seu ossos enrijecidos. 

     Cumpre que se diga aqui uma palavra sobre exercícios respiratórios, chamados Pranayama no Oriente. Esses, mais uma vez, não devem ser feitos por Ocidentais, exceto sob a direção de um professor Adepto. Eles, algumas vezes, produzem resultados desastrosos, e põem aqueles que o praticam sob o controle de forças com os quais o aprendiz não está apto a lidar. 

     A respiração comum, completa e profunda, é uma prática excelente, mas não outras formas, tais como aquelas que consistem em reter a respiração, por exemplo. O que há de racional no Pranayama é a conexão sutil entre a respiração e os estados mentais, como podemos ver por nós mesmos, pois não é coisa fácil pensar claramente numa sala abafada. Em estados profundos de meditação, a respiração se altera naturalmente. Tudo que eu escrevi acima é interessante e, espero, um tanto útil. Mas o verdadeiros resultados da meditação e aspiração não param aqui. Para ver o verdadeiro resultado, olhe para trás, depois de um ano de prática e observe a sensibilidade progressiva para o invisível e para as coisas sutis, o gradual aprofundamento e purificação do caráter, a ampliação da perspectiva, o aumento da desposta simpática e afável às necessidades dos outros e a aurora do sentido de proximidade da Eternidade.

1.A Doutrina Secreta, III, 505. 

Clara Codd,  Técnica da Vida Espiritual. Ed. Teosófica, pg. 81

KAMA, O CORPO DO DESEJO

      Para que não haja confusão com os corpos conforme a Teosofia moderna nos explica na constituição oculta do homem, assim como outras escolas que trabalham com a anatomia sutil, a Dra. Annie Besant, neste seu livro procura fazer uma ponte entre os termos em sânscritos, principalmente porque nas líguas européias não tinha a tradução equivalente, assim como o estudo da Teosofia deve ser para todos e não apenas para poucos eruditos, segundo a autora. 

    No nosso caso, que atuamos nas Terapias Holísticas, o estudo da Teosofia sobre a constituição oculta do homem é a base onde podemos entender melhor a jornada humana em busca de evolução e podermos atuar melhor, através de uma visão de todo o processo. Por isso, que uma linguagem moderna e de fácil compreensão para os ocidentais, torna o nosso estudo mais compreensível, enriquecendo-o.

     Portanto, vimos até agora que Sthula Sharira, era  o nome para designar o primeiro princípio, o corpo físico; Linga Sharira, o duplo etérico; Prana, o corpo vital; e, veremos hoje Kama, o corpo dos desejos, ou corpo astral ou emocional, na literatura Teosófica após Blavatski

 




    "Ao Quarto Princípio da constituição do homem tem-se chamado também Alma Animal. Compreende o conjunto dos apetites, paixões, emoções e desejos, classificados pela psicologia do Ocidente em instintos, sensações, sentimentos e emoções, e considerados como uma subdivisão do pensamento. Segundo o ponto de vista da escola moderna, o pensamento divide-se em três grupos principais: sentimentos, vontade e inteligência. Por sua vez, os sentimentos compreendem as sensações e as emoções, e estas ainda se dividem e subdividem em variadíssimas manifestações. O Kama, ou desejo, compreende o grupo inteiro dos 'sentimentos' e pode definir-se como a 'nossa natureza passional e emotiva'. Compreende todas as necessidades animais, tais como a fome, a sede, os desejos sexuais, e todas as paixões, tais como o amor (no seu sentido inferior), o ódio, a inveja, os ciúmes etc. É o desejo da existência sexual, dos gozos materiais - 'a sensualidade da carne, a sensualidade dos olhos, o orgulho da vida'. É o princípio de maior materialidade existente na nossa natureza. Mas 'não é matéria de constituição molecular', não é também o corpo humano, o Sthula Sharira, o mais grosseiro de todos os princípios, mas, sim, princípio médio, o verdadeiro centro animal, para o qual o corpo representa o papel de invólucro, o fator irresponsável, por meio do qual o animal que vive dentro de nós manifesta a sua atividade' (A Doutrina Secreta).  

    Unida à parte inferior do Manas, a mente, formando o Kama-Manas, torna-se a inteligência cerebral normal do homem; é deste aspecto que nos vamos ocupar. Considerado independentemente, sem qualquer outra ligação, é a nossa parte grosseira, o 'macaco e tigre' de Tennyson, a força que mais concorre para nos mantermos pregados à terra e afogar em nós, por meio da ilusão dos sentidos, todas as aspirações do caráter elevado. 

     Unido ao Prana é, como vimos, o 'alento da vida', o princípio mental sensitivo, disseminado em todas as partículas do nosso corpo. É, portanto, a sede das sensações: é ele que fornece aos centros de sensação condições para que possam funcionar. Já vimos que os órgãos físicos dos sentidos, instrumentos do corpo que se põem em contato com o mundo externo, estão relacionados com os centros materiais do duplo etérico, ou, o que é o mesmo, com os sentidos internos. Mas nenhum desses órgãos e centros poderia funcionar se o Prana não os fizesse vibrar, se as suas vibrações permanecessem apenas vibrações, isto é, fossem apenas movimento nos planos materiais do corpo físico, se o Kama, princípio da sensação, não convertesse a vibração em sentimento. O sentimento é, afinal, conhecimento no plano kâmico; quando um indivíduo está sob a influência de uma sensação ou de uma paixão, o teosofista diz que ele está no plano kâmico, querendo dizer com isso que a sua consciência funciona, está focada nesse plano. Por exemplo, as vibrações etéreas refletidas por uma árvore, indo chocar contra o órgão visual, fazem vibrar as células nervosas físicas; estas últimas vibrações propagam-se aos centros físicos e astrais, mas a percepção da árvore só se dará quando as vibrações resultantes cheguem à sede da sensação e o Kama no-la faça perceber. (...)

          O Quaternário, considerado isoladamente e antes de entrar em contato com a mente, não passa de um animal inferior; e só se converterá em homem com a chegada da mente. A Teosofia ensina que nas idades passadas o homem foi se formando lentamente, estádio a estádio, princípio por princípio, até ser um Quaternário incubado pelo Espírito, embora sem contato com ele, esperando pela Mente única que pode fazê-lo evoluir e realizar uma união consciente com o espírito, para que ele possa cumprir o objetivo do seu ser. O desenvolvimento de todas as entidades humanas passa por esta evolução cíclica no seu lento processo, e cada um dos princípios que, com o decorrer do tempo, se vai encarnando sucessivamente nas raças humanas da Terra, vai aparecendo como parte constituinte do homem, no ponto da evolução alcançada numa determinada época, até que chegue a hora da sua manifestação gradual. A evolução do Quaternário até o momento em que, para o seu progresso, se lhe tornou imprescindível a cooperação da mente, está eloquentemente sintetizada nas Estâncias arcaicas que servem de base à Doutrina secreta de H. P. Blavatsky (o Sopro é o espírito para quem se há de construir o tabernáculo humano; o corpo denso é o Sthulà Sharira; o espírito de vida é o Prana; o espelho do seu corpo é o Linga Sharira; o veículo dos desejos é o Kama).  (...) 

        Chegados a este ponto, reflitamos sobre o que até aqui aprendemos da constituição humana. O Quaternário é a parte mortal do homem; a Teosofia considera-o a Personalidade. A sua compreensão, clara e definida, é indispensável para se poder conceber bem a constituição do homem e para se poderem ler com proveito tratados superiores. Tem paixões, mas não razão; tem emoções, mas não inteligência; tem desejos, mas não vontade racional; espera a chegada do seu rei, o Espírito, e só ao seu contato é que pode transformar-se em homem." 


Annie Besant, Os Sete Princípios do Homem, editora Pensamento, pg. 10. 

 


PRANA, A VIDA

    

    
     "Todos os universos, todos os mundos, todos os animais, todos os vegetais, todos os minerais, todas as moléculas e átomos, tudo o que é, tudo o que existe, está submerso num grande Oceano de Vida, Vida Eterna, Vida Infinita, Vida Insuscetível de aumento ou diminuição. O universo é apenas vida manifestada, vida tornada objetiva, vida diferenciada.  

    Posto isto, cada organismo, quer seja diminuto como uma molécula, quer seja vasto como um universo, pode considerar-se num trabalho constante de apropriação de uma parte desta vida universal. Imaginemos uma esponja viva estendendo-se na água que a banha, que a envolve por todos os lados, que a penetra por todos os orifícios. A água, o oceano imenso, circula por toda ela, enche-lhe todos os poros; podemos, pois, distinguir com o pensamento a parte do oceano que a cerca e a parte de que ela se apropriou, isto é, a porção de água que absorveu. Pois bem: cada organismo é uma esponja banhada pelo Oceano da vida Universal, e contém em si qualquer coisa desse Oceano, representando a parte da vida absorvida, a sua faculdade de viver. Em Teosofia, a vida apropriada tem o nome de Prana e é ela que corporifica o Terceiro Princípio da constituição do homem.  

    Se quiséssemos falar com verdadeiro rigor, teríamos de dizer que o 'sopro de vida, aquilo a que os hebreus chamam Nephesch, ou o sopro de vida infiltrado no nariz de Adão, não constitui Prana, mas, sim, Prana juntamente com o Quarto Princípio. Os dois juntos é que formam a 'Centelha, a Chispa vital'; são o alento da vida, da vida física, material, tanto no homem, como no quadrúpede, como no inseto. E o sopro da vida animal no homem - o sopro da vida instintiva do animal (2).  Mas, por enquanto, apenas temos de nos ocupar de Prana, isto é, da vitalide, princípio vivificador de todos os, corpos animais e humanos. O veículo desta Vida é o duplo etérico, que funciona, por assim dizer, como meio de comunicação entre Prana e o corpo físico. 

    Os micróbios da ciência constituem as subdivisões inferiores de Prana, segundo a explicação dA doutrina secreta. São essas vidas invisíveis que constituem as células, físicas; são essas 'inumeráveis miríades de vida' que constroem o tabernáculo de argila, os corpos físicos (3).  

    'A ciência, vislumbrando confusamente a verdade, pode não ver nas bactérias e em outros organismos infinitamente pequenos mais do que visitas importunas que, de vez em quando, nos batem à porta, trazendo consigo os germens das doenças. O ocultismo, porém, para quem em cada átomo e molécula, seja de um mineral, de um homem, do ar, do fogo, da água, existe uma vida, afirma que todo o nosso corpo é composto por essas vidas, sendo a bactéria menor que um micróbio, pode parecer do tamanho de um elefante, se comparada com os menores infusórios.' As 'vidas ígneas'. são os domesticadores, as dirigentes desses micróbios, dessas vidas invisíveis, e são elas que refreiam e dirigem, provendo-os do que lhes é necessário, atuando como vidas dessas vidas. São elas a síntese, a essência de Prana; são essas vidas ígneas que constituem a energia vital construtora que torna os micróbios aptos para construírem as células físicas. Um dos comentários arcaicos resume a questão nas seguintes frases magistrais e luminosas: 'Para o profano, na constituição do mundo entram apenas os 'elementos' que ele conhece. Para um Arhat (4) estes elementos constituem coletivamente uma vida divina, e distributivamente, no plano das manifestações, são os inúmeros milhões de vidas. O fogo só é Uno no plano da Realidade Una; no do ser manifestado, e, portanto, ilusório, as suas partículas são vidas ígneas que vivem e se mantêm à custa de todas as outras vidas, que vão consumindo para a manifestação do seu ser. Por isso se lhes chama Devoradores. Não há nada visível no Universo que não seja construído por essas vidas, desde o homem primitivo, consciente de essência divina, até aos agentes inconscientes que constituem a matéria ... Da vida Una, incriada e sem forma, provém o Universo, de vidas múltiplas(5). O que acontece no Universo, em toda a sua generalidade, acontece no homem; todas essas vidas sem conta, toda essa energia vital construtora, tudo isto, resumem os teosofistas sob o termo Prana. 

2 A Doutrina Secreta, vol. I. 
3 A Doutrina Secreta, vol, I.  
4 Propriamente aquele que conseguiu dominar totalmente a matéria a ponto de o corpo ser apenas a expressão materializada da inteligência. Nesta passagem, a autora quer referir-se ao discípulo que conseguiu chegar ao quarto e último período da iniciação, passado o qual será Adepto (N. do T.) 
 5 A Doutrina Secreta, vol. I. 

Annie Besant, Os Sete princípios do Homem, Ed. Pensamento, pg. 8

O DUPLO ETÉRICO - SEGUNDO PRINCÍPIO (2)

 

   



    "O duplo etérico representa um papel importante nos fenômenos do espiritismo, como nos podem provar aqueles que têm a faculdade de ver no plano astral. O clarividente pode ver o duplo etérico sair do lado esquerdo do médium, e é este duplo etéreo que aparece com frequência como 'espírito materializado' apresentando formas que variam com as correntes dos assistentes, formas que vão ganhando em vitalidade à medida que o médium perde em consciência, e vai caindo num sono cada vez mais profundo. A Condessa de Wachtmeister, que é clarividente, diz que numa sessão em que apareceu um espírito no qual cada um julgava, segundo a sua imaginação, ver um determinado parente ou amigo, reconheceu ela ser simplesmente o duplo etérico do médium. A Mme. Blavatsky, também ouviu dizer que, por ocasião da sua estada em Eddy, observando a notável série de fenômenos que lá se produziam, moldou propositadamente o 'espírito', que se costumava mostrar, à semelhança de pessoas conhecidas apenas por ela, de entre os que estavam presentes, que viam os tipos que ela produzia por meio da força da sua vontade, dando forma à matéria astral do corpo etérico do médium.

    Muitos dos movimentos que ocorrem nessas sessões e em outras circunstâncias sem um contato visível de ninguém são devidos à ação do duplo etérico; qualquer curioso pode aprender a maneira de produzir estes fenômenos, que são trivialíssimos. Estender a mão astral é tão vulgar e tão pouco 'milagroso' como estender a correspondente física. Quantas pessoas os produzem inconscientemente, quando, por exemplo, derrubam sem querer um objeto, fazem barulho sem saber como etc.; são indivíduos que não têm domínio algum sobre o seu duplo astral, que, à semelhança da criança ao começar a aprender a andar, caminha às apalpadelas, visto que o duplo astral é inconsciente, é mesmo insensível no plano físico, quando se encontra temporariamente separado dos órgãos físicos das sensações.

    Estes fatos levam-nos a um ponto altamente interessante da questão. Os centros materiais da sensação estão localizados no IV Princípio que, pode dizer-se, forma a ponte entre os órgãos físicos e as percepções mentais. As impressões do universo físico, indo de encontro às moléculas materiais do corpo físico, põem em vibração as células que constituem os órgãos de sensação, ou seja, os nossos 'sentidos'; por sua vez, estas vibrações põem em movimento as moléculas de matéria mais fina dos órgãos correspondentes do duplo etérico, isto é, os centros de sensação, ou seja, os nossos sentidos internos. Destes partem novas vibrações que se propagam à matéria ainda mais sutil do plano mental inferior, e daí refletem-se, até que, ao chegar às moléculas materiais dos hemisférios cerebrais, convertem-se na nossa 'consciência cerebral'. Esta sucessão correlativa e inconsciente é necessária para a ação normal da 'consciência', tal qual a conhecemos. No sono e no êxtase, naturais ou provocados, não se dão geralmente nem o primeiro nem o último contatos; nesses estados, as impressões partem do astral e voltam ao plano astral, sem deixar o mais pequeno vestígio na memória cerebral; porém, o clarividente que não necessita achar-se em estado de sonambulismo para o exercício das suas faculdades, pode transportar a sua consciência do plano físico para o astral sem perder o domínio de si mesmo; e pode imprimir na memória os conhecimentos adquiridos no plano astral, conservando-os e servindo-se deles a seu bel-prazer.

    'Ver na luz astral' é uma frase ouvida frequentemente e de significado bastante enigmático para quem vê por mera casualidade pela primeira vez; significa, precisamente, a faculdade proveniente do exercício dos sentidos internos ou dos sentidos situados no duplo etérico, faculdade que é um dom natural de alguns, e uma possibilidade latente em todos, no grau atual da evolução humana.

    'A morte' é para o duplo etérico o mesmo que para o corpo físico; destruição das suas partes constituintes e dispersão das suas moléculas. O veículo da vitalidade que anima o organismo corporal no seu conjunto desprende-se do corpo à hora da morte, e ao clarividente torna-se ele visível numa forma violácea, suspensa sobre o morimbundo, mas ainda ligada ao corpo físico pelo delgado fio a que nos referimos. Quebrado esse fio, o moribundo exala o último suspiro e os presentes murmuram: 'morreu'.

    Depois da morte do corpo físico o duplo etérico permanece nas proximidades do cadáver; é o espectro, o fantasma ou aparição que por vezes vislumbram no momento da morte e, mesmo depois, as pessoas que se encontram perto do lugar onde ela, se deu. Depois, pouco a pouco, vai-se desintegrando pari passu com o seu duplicado físico; são os seus restos que formam os 'fogos fátuos', ao alcance da visão dos seres sensitivos. É esta uma das razões que fazem preferir a cremação ao enterramento, porque o fogo dissipa em poucas horas as moléculas, que de outro modo apenas se libertam com a morosidade da putrefação gradual. Eis como os materiais físicos e astrais voltam rapidamente aos seus próprios planos e se preparam para ser de novo utilizados na constituição de novas formas.

Annie Besant, Os Sete Princípios do Homem, Editora Pensamento, pg 6.

DUPLO ETÉRICO - O SEGUNDO PRINCÍPIO (1)

       Estamos trabalhando "Os Sete Princípios do Homem", de Annie Besant, e daqui para frente a autora começa a falar dos corpos sutis, e vamos colocar em duas publicações as explicações sobre o Duplo Etérico. Muito interessante as colocações e depoimentos da época, o que para muitos até hoje é um enigma.

        Convidamos você a participar desses estudos que são de grande importância para todos aqueles que trabalham com as Terapias Complementares, Holísticas, assim como para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre a natureza humana.

        Venha saber um pouco mais sobre o duplo, o qual tem grande importância na constituição oculta do ser humano.



     "O Corpo Astral, o Corpo Etérico, o Corpo Fluido, o Duplo, o Espectro, o Duplicado, o Homem Astral, eis alguns dos nomes que têm sido dados ao Segundo Princípio da constituição do homem. O melhor, porém, é o de duplo etérico, porque este termo designa apenas o segundo princípio, ao passo que os outros têm sido frequentemente usados para indicar de uma maneira geral os corpos formados por matéria mais sutil do que a que afeta os nossos sentidos físicos, abstraindo da ideia importantíssima se na sua significação envolviam ou não outros princípios. Será, portanto, esse termo que usarei para indicar o segundo princípio da constituição do homem.  

    O duplo etérico é constituído por uma matéria cujo grau de rarefação é superior ao da matéria física. Essa matéria tem o nome de astral, por se parecer com a do espaço, e está no estado imediatamente a seguir ao sólido, líquido gasoso; é ela que forma o 'plano astral', que está imediatamente a seguir ao 'plano material', ou seja, ao universo geralmente considerado objetivo. É ao plano astral que pertence aquilo a que vulgarmente se chama clarividência, clariaudiência e outros fenômenos hipnóticos que, apesar de se manifestarem numa matéria que se encontra num estado de subdivisão mais sutil do que aquela que vemos e sentimos, têm ainda muito da natureza material.  

    Este duplo etérico é o 'duplo' exato, ou o duplicado do corpo físico ao qual pertence, e do qual pode separar-se, mas nunca apartar-se para muito longe. Afastado do corpo físico, é visível para o clarividente; aparece então como um duplicado perfeito daquele, unido apenas por um delgado fio. A sua relação com o corpo físico é tão íntima que qualquer lesão no astral 'repercute-se' no primeiro. A. d' Assier, na sua bem conhecida obra, A humanidade póstuma, traduzida para o inglês pelo Presidente e Fundador da Sociedade Teosófica, Coronel Olcott, apresenta vários casos dessa repercussão.  

     A separação do duplo etérico do corpo físico vem geralmente acompanhada de uma notável diminuição de vitalidade deste, aumentando a do primeiro proporcionalmente ao decréscimo da energia do segundo. A este respeito diz Olcott em uma nota do livro citado de d' Assier:  

    'Quando se projeta o duplo, o corpo fica como que numa espécie de torpor, a mente 'obscurecida', como que cercada de uma névoa; os olhos perdem a expressão característica da vida, o coração e os pulmões atuam debilmente e verifica-se um certo abaixamento de temperatura.  

    Qualquer ruído repentino ou uma entrada brusca no aposento nestas circunstâncias é coisa extremamente perigosa, porque o duplo, voltando ao corpo por uma reação instantânea, faz palpitar o coração convulsivamente e pode sobrevir a morte.'  

    No caso de Emília Sagée (citado nas pp. 62·63) notou-se que a paciente estava pálida e exânime, quando o duplo se tornou visível; e quanto mais nítido e mais material era este, tanto mais fatigado, exausto e lânguido aparecia o verdadeiro corpo material; e, pelo contrário, quando o duplo tomava uma aparência menos nítida, mais vaga, Emília Sagée parecia recobrar forças. 'Para o teosofista este fenômeno é perfeitamente compreensível, porque ele sabe que o duplo etérico é o veículo do princípio vital do corpo, e, portanto, a sua retirada parcial faz diminuir a energia com que esse princípio anima as moléculas físicas.' 

    Clarividentes, como a de Prevorst, por exemplo, afirmam que se pode ver o braço ou a perna etérea unida ao corpo num indivíduo a quem se tivesse amputado um desses membros, e d'Assier observa a este respeito o seguinte: 

   'Quando me dedicava a estudos fisiológicos, havia um fato singular que me chocava sobremaneira. Sucede muitas vezes que uma pessoa perdendo um braço ou uma perna, experimenta certas sensações na extremidade dos dedos. Os fisiologistas explicam essa anomalia pressupondo que o paciente sofre uma inversão de sensibilidade ou de memória, que lhe faz localizar na parte do membro já não existente uma sensação que se transmite apenas até ao ponto onde o nervo foi amputado. Mas tal explicação demasiado complicada nunca me satisfez; e quando estudei o problema da duplicação do homem veio-me ao espírito a questão das amputações e perguntei a mim mesmo se não seria mais simples e mais lógico atribuir essa aparente anomalia ao duplo do corpo humano, o qual, pela sua natureza fluida, escapa à amputação.' "


Annie Besant, Os Sete Princípios do Homem, Editora Pensamento, pg 6. 

 

O CORPO FÍSICO

     


    "Na enumeração dos sete princípios, começa-se naturalmente pelo corpo físico do homem, visto que, na realidade, é de todos o mais evidente. É constituído por moléculas materiais segundo a acepção geral do termo, com cinco órgãos de sensação, os cinco sentidos, órgãos de locomoção, cérebro e sistema nervoso e vários aparelhos destinados ao exercício das diversas funções necessárias à continuidade da existência. Sobre esse corpo, pouco há a dizer num esboço tão ligeiro como este acerca da constituição do homem. A ciência ocidental está prestes a aceitar o critério teosófico que sustenta ser o organismo humano formado de inúmeras 'vidas', que constituem as células. Mme. H. P. Blavatsky diz a este respeito: 'Nunca a ciência foi tão longe como quando afirma, de mãos dadas com a doutrina oculta, que os nossos corpos, assim como os dos animais, das plantas e dos minerais, são totalmente constituídos por seres (bactérias etc.), os quais, com exceção de algumas espécies maiores, nenhum microscópio pode descobrir ... Descobriu-se que os constituintes físicos de todos os seres são idênticos e a Química diz-nos que entre a matéria que forma o boi e a que forma o homem não existe a mais pequena diferença. Mas a doutrina oculta é ainda mais explícita, quando diz: não são apenas os componentes químicos que são os mesmos, mas sim todas essas infinitésimas vidas invisíveis que compõem os átomos dos corpos das montanhas e dos malmequeres, do homem e do macaco, do elefante e da árvore que o abriga do sol. Cada partícula, chame-se-lhe orgânica ou inorgânica, é uma Vida. Cada átomo e cada molécula existentes no Universo são por sua vez geradores de vida e de morte para aquela forma." (1) Os micróbios 'fabricam o corpo material e as suas células', sob a forte influência da energia construtora da vitalidade - expressão que explicaremos mais tarde quando nos ocuparmos da 'Vida" como terceiro princípio. - Mal a 'Vida' cessa, os micróbios retomam a sua liberdade como agentes destruidores, e destroem e desintegram, e assim se desfaz o corpo.  A consciência puramente física é a consciência das células e moléculas. O que os filósofos chamam 'memória inconsciente' é a memória dessa consciência física, que realmente é inconsciente para nós, enquanto não podemos focar nela a consciência cerebral. Aquilo que nós sentimos não é o que as células sentem: é a consciência cerebral atuando no plano físico que nos faz sentir uma dor física. 

    A consciência da molécula, a par da agregação das moléculas, a que chamamos células, impele-a, por exemplo, a apressar a reconstituição dos tecidos afetados, sem que o cérebro tenha a mais pequena consciência dessa operação, e a sua memória determina a repetição do mesmo ato, até o processo de organização dos tecidos estar completamente realizado. E assim se explicam as cicatrizações, calosidades etc.  

    A morte do corpo físico dá-se quando a energia vital reguladora perde a sua atividade, deixando em liberdade os micróbios que assim ficam aptos a seguir os próprios impulsos; as 'muitas vidas', faltas de coordenação, separam-se umas das outras e começa então o que chamamos decadência. O corpo converte-se num turbilhão de vidas desenfreadas e irregulares; a sua forma, resultante da correlação destas muitas vidas, destrói-se, desagrega-se como consequência da exuberância de cada uma das energias individuais, agora sem governo. A 'Morte' não é mais do que um aspecto da 'Vida', e a destruição de uma forma material não é mais que o prelúdio para a constituição de uma outra." 


Annie Besant, Os Sete principios do Homem, Editora Pensamento, pg 5.

 

  

OS SETE PRINCÍPIOS DO HOMEM

 


    "Segundo as doutrinas teosóficas, o homem é um ser sétuplo, ou em termos mais vulgares, de constituição setenária, o que equivale a dizer que a natureza humana encerra sete aspectos diferentes, pode ser estudada sob sete pontos de vista- distintos, ou é composta de sete princípios. Mas, sejam quais forem as palavras empregadas, o fato é sempre o mesmo: o homem é essencialmente - na sua essência original - um ser sétuplo que se desenvolve gradualmente; uma parte da sua natureza já se manifestou; outra parte acha-se, atualmente, pelo menos no que diz respeito à maioria da humanidade, em estado latente. A consciência. pode funcionar por meio e através de qualquer desses aspectos e em tantos planos quantos aqueles que se tenham já desenvolvido no homem. Um plano é apenas uma condição, um grau, um estádio. E dizemos que um homem está completamente evoluído ou desenvolvido quando a sua natureza adquiriu as faculdades necessárias para viver conscientemente em sete condições distintas, em sete graus distintos em sete estádios diferentes, ou mais tecnicamente, em sete diferentes planos do ser. Exemplifiquemos.  

    Um homem é consciente no plano físico, está no seu corpo físico, quando sente fome, sede ou as dores de uma pancada ou de uma ferida. Mas, um soldado, por exemplo, no ardor de uma batalha, pode receber um golpe ou uma bala sem sentir qualquer dor física, porque a sua consciência, concentrada nas paixões e nas emoções, está fora do plano físico e funciona precisamente no plano das paixões e emoções; passada, porém, a excitação da obsessão da luta a consciência volta ao plano físico, e sentirá então as dores da ferida recebida.

  Um filósofo, profundamente embrenhado nas reflexões de um problema intrincado, perde completamente a consciência das necessidades corporais, das emoções, do amor ou do ódio, porque tem a consciência focada no plano mental ou intelectual; isto é, o seu Eu acha-se fora das considerações de ordem material, e localizado no plano do pensamento.  

    Aqui temos, pois, como um homem pode viver em planos diferentes, em condições distintas, podendo transportar-se de uma para outra modalidade da natureza em qualquer momento, para o que basta pôr em atividade a parte da natureza correspondente.  

    Assente isto, tornou-se necessário, atendendo às duas modalidades de vida, mortal e imortal, do homem, agrupar estes sete princípios em duas ordens: uma contendo os três princípios superiores, e por isso se lhe chama a Tríade e outra contendo os quatro Inferiores, chamada por isso Quaternário. A Tríade é a parte imortal da natureza humana, o 'espírito' da terminologia cristã; o Quaternário é a parte mortal, a alma e o corpo do cristianismo. Esta divisão em corpo, alma e espírito, vem-nos de S. Paulo, e é considerada de grande importância na filosofia cristã, apesar de ignorada da maior parte dos crentes. Em linguagem vulgar costuma dizer-se que no homem há dois princípios: 'alma' e 'corpo', ou 'espírito' e 'corpo'; e desta sinonímia forçada de alma e corpo resulta uma espantosa confusão, absolutamente prejudicial à verdadeira compreensão da constituição do homem. 

    O teosofista pode pôr em frente um do outro o cristão filósofo e o cristão não-pensador, com a certeza de que não se entendem. Não admira, pois, que até aqui se tenha acusado a Teosofia de fazer distinções que nem todos compreendem. Não há filosofia digna desse nome, por mais elementar que seja, que não exija atenção e inteligência da parte do estudioso que aspira a conhecê-la; o rigor e a propriedade na escolha e no uso dos termos é condição sine qua non de todo o conhecimento." 



ANNIE BESANT, Os Sete Princípios do Homem, Editora Pensamento, pg. 04

OS PADRÕES MENTAIS QUE MOLDAM NOSSAS EXPERIÊNCIAS

    


 "Tanto as coisas boas como as ruins de nossa vida são o resultado de padrões mentais que moldam nossas experiências. Todos temos muitos modelos de pensamentos que produzem experiências boas e positivas, e esses nos dão prazer. São os padrões de pensamentos negativos os responsáveis pelo desconforto, pelas experiências ruins que nos interessam agora. Queremos eliminar o mal de nossa vida para atingir a saúde perfeita. 

    Já está mais que demonstrado que, para cada resultado que obtemos, existe um modelo mental que o precede e mantém. Portanto, modificando os padrões de pensamentos, podemos mudar nossas experiências. 

    Você nem consegue imaginar a alegria que senti quando cheguei pela primeira vez às palavras causas metafísicas. Elas descrevem o poder de as palavras e pensamentos criarem experiências. Esse novo conhecimento me levou a compreender a ligação entre pensamentos, partes do corpo e problemas físicos. Entendi que, sem saber, eu criara males em mim mesma e prejudicara minha vida. Foi uma descoberta extraordinária! A partir de então, eu podia parar de culpar a vida e os outros pelo que acontecia de errado em meu organismo e em minha existência, podia assumir total responsabilidade por minha própria saúde. Sem me recriminar, sem sentimentos de culpa, fui aprendendo a evitar a criação de padrões de pensamentos que poderiam me causar males no futuro. 

    Por exemplo, eu não conseguia entender por que era tão comum eu estar com torcicolo ou outros problemas relacionados com a musculatura do pescoço. Então descobri que o pescoço representa a flexibilidade, a capacidade de ver todos os lados de uma questão. Até então, eu fora uma pessoa muito inflexível, apegando-me teimosamente às minhas idéias, por medo de "abrir a guarda". Todavia, à medida que fui me tornando mais flexível e compreensiva, aceitando amorosamente o ponto de vista de um semelhante, meu pescoço parou de me perturbar. Hoje, se sinto o início de uma rigidez, procuro descobrir qual é a postura mental rígida que a está causando."

 Louise L. Hay, Cure o seu Corpo, Editora Best Seller, 2004, pg. 9

 

O PONTO DO PODER ESTÁ NO MOMENTO PRESENTE

    


    "Bem agora e bem aqui em nossa mente. Não importa há quanto tempo temos padrões negativos de pensamento, uma enfermidade ou um péssimo relacionamento, há quanto tempo sentimos falta de dinheiro ou raiva de nós mesmos, podemos começar a mudar tudo isso hoje mesmo. Os pensamentos que tivemos e as palavras que empregamos constantemente criaram nossa vida e as experiências que adquirimos até este instante. Eles, porém, são coisas do passado. O que estamos escolhendo para pensar e dizer hoje, neste exato momento, criará o amanhã e o dia seguinte, depois a semana seguinte, o mês seguinte, o ano seguinte etc. 

    O ponto do poder está sempre no momento presente e é nele que começamos a fazer mudanças. Que grande alívio! Podemos começar a nos livrar das velhas bobagens. Agora mesmo. O mais ínfimo dos começos provocará uma mudança. Quando você nasceu, era pura alegria e amor. Enquanto era bebezinho, tinha consciência de sua importância e sentia-se o centro do universo. Possuía tanta coragem, pedia tudo o que queria e expressava abertamente seus sentimentos. Você se amava por completo, amava cada parte do corpo, inclusive suas fezes. Você sabia que era perfeito. Essa é a verdade de sua existência. Todo o resto é bobagem aprendida que pode ser desaprendida. 

    Quantas vezes já dissemos: 'Eu sou assim mesmo' ou 'As coisas são assim mesmo'? Na realidade, o que estivemos dizendo é que 'acreditamos nisso como verdade para nós'. 

    Em geral, as coisas em que acreditamos não passam de opiniões de outras pessoas, que aceitamos e fomos incorporando às nossas crenças, às quais vamos acrescentando outras idéias que se ajustam a elas. Por exemplo, se quando éramos pequenos nos ensinaram que o mundo é um lugar assustador, nós aceitamos como verdade tudo o que ouvimos e que se ajuste a esse modelo mental. 'Não confie em estranhos', 'Não saia sozinho à noite'. 'Os outros só querem tirar vantagem'. Por outro lado, se nos ensinaram que o mundo é um lugar seguro e alegre, acreditamos em outras coisas, como: 'O amor está em toda parte', 'Os outros são gentis', 'É fácil ganhar dinheiro', e assim por diante. 

    Nossas experiências de vida espelham nossas crenças. Raramente nos damos ao trabalho de parar e questionar nossas crenças. Eu, por exemplo, poderia me perguntar 'Por que acredito que é difícil para mim aprender coisas novas? Isso é mesmo verdade? E verdade para mim agora? De onde vem essa crença? Será que acredito nisso apenas porque uma professora do primário vivia repetindo essa afirmação? Eu viveria melhor se abandonasse essa crença?' 

     Pare um instante e analise seus pensamentos. Em que está pensando neste exato momento? Se os pensamentos moldam sua vida e suas experiências, você quer que o pensamento que lhe ocorreu agora se torne verdade para você? Se for um pensamento cheio de preocupação, raiva, mágoa ou vingança, quer vê-lo refletido em sua vida? Tudo o que enviamos para fora de nós, tanto mental quando verbalmente, voltará para nós de forma semelhante. Reserve um pouco de tempo para prestar atenção às coisas que diz. Se notar que repetiu três vezes uma frase, escreva-a, pois ela se tornou um modelo mental. No final de uma semana, leia a lista que elaborou e então verá como suas palavras se ajustam a suas experiências. Decida-se a mudar seu modo de falar e pensar, e veja sua vida mudar por completo. Para conseguir controlar sua vida é preciso controlar sua escolha de palavras e pensamentos. E ninguém, senão você, é dono de sua mente."

Louise L. Hay, Cure o seu Corpo, Editora Best Seller, 2004, pg. 7

 

 

A NATUREZA DO HOMEM

 


 


        "Um dos traços chocantes dos tempos atuais é a falta de compreensão sobre a natureza do homem. O homem está tentando saber tudo no universo. Ele pode dizer com certeza de que são feitas as estrelas distantes de nós milhões de quilômetros. Ele conhece detalhadamente a constituição dos átomos e moléculas. Entretanto, sobre si mesmo praticamente nada sabe e, o que é pior, está muito satisfeito de viver sua vida sem cogitar de onde vem, qual a sua natureza real, porque está aqui neste mundo e para onde vai após a morte. É realmente espantoso como a grande maioria da população do mundo pode viver toda uma vida sem fazer essas perguntas naturais, ou mesmo tomar conhecimento de sua existência.  

    Um resultado direto da ausência de qualquer conhecimento preciso sobre a natureza do homem e sua constituição é a imprecisão de nossas ideias sobre o caráter humano. A palavra 'caráter' é usada geralmente de maneira muito vaga para as qualidades mentais e morais, bem como para as idiossincrasias que caracterizam um determinado indivíduo. O homem verdadeiro, com seus diversos veículos de consciência ocultos no veículo físico, não é conhecido nem aceito e o que quer que seja de sua natureza complexa que consiga encontrar expressão por meio do comparativamente denso e inelástico veículo físico é tomado como sua verdadeira natureza. Considerando os seres humanos em massa verificamos que eles se comportam de maneira peculiar sob certo conjunto de circunstâncias. A todos esses modos típicos de característicos humanos chamamos comportamento e a cada modo damos um determinado nome. Mas muito pouco sabemos por que os seres humanos precedem desta ou daquela maneira e como se relacionam entre si os diferentes elementos do caráter humano. Algumas das características humanas são meros hábitos físicos, outras são correlatas com nossa natureza emocional ou mental, enquanto outras obviamente são de natureza espiritual. Mas a palavra 'caráter' a todas abrange sem distinção." 

I. K. Taimni, Autocultura à Luz do Ocultismo, Ed.Teosófica, Brasília 1997, pg. 41

FUNÇÃO DA PERSONALIDADE

     



     "A função da personalidade no desenvolvimento da Individualidade pode ser melhor entendida quando se observa o crescimento de uma árvore.        De uma árvore brotam novas folhas todos os anos na primavera e, por suas folhas, ela absorve dióxido de carbono que, após muitas mudanças, é assimilado pelo corpo da árvore servindo ao seu crescimento. No outono a árvore deixa cair suas folhas, mas antes que isto aconteça, a seiva enriquecida se recolhe ao interior do corpo para ser reenviada às novas folhas na primavera seguinte. Ano após ano o processo se repete e a árvore, em consequência, vai ficando cada vez maior e mais forte. De maneira semelhante, a Individualidade toma novos corpos nos planos inferiores e lança uma porção de si mesma na nova personalidade que se forma. 

    Esta personalidade vive na terra o tempo de vida que lhe cabe, reúne um certo número de experiências, mas antes de se dissolver e desaparecer, após o repouso de vida celeste, passa a essência de suas experiências à Individualidade, desta maneira enriquecendo sua vida e servindo a seu crescimento. É assim que todas as sucessivas encarnações trazem maior perfeição às faculdades e poderes latentes no Jîvâtmâ, proporcionando um instrumento mais eficiente para expressão da vida divina.  

    De maneira semelhante, mas que dificilmente podemos compreender, a Individualidade é uma expressão parcial da Mônada servindo ao Seu desenvolvimento, embora a palavra 'desenvolvimento' não dê bem a ideia desse processo nos planos mais elevados do qual a evolução é um reflexo nos planos inferiores. 

    Não temos palavras que expressem o processo que tem lugar nos planos da Mônada e que correspondam ao progressivo desenvolvimento de todas as qualidades e poderes divinos no Jîvâtmâ nos planos de Atmâ, Buddhi, e Manas Superior. Entretanto, algo semelhante, porém de natureza bem mais grandiosa, deve ter lugar no plano da Mônada porque tudo quanto acontece nos planos inferiores é um reflexo de alguma coisa bem maior e mais bela que ocorre nos planos mais elevados. "Em cima como embaixo".  Não somente o inferior reflete o superior mas também tudo quanto se passa nos planos inferiores tem seu impacto e influência nos planos superiores. O interno e o externo, o superior e inferior parecem estar agindo e reagindo mutuamente a todo momento, efetuando entre si o processo que vemos como evolução ou desenvolvimento.".  


I.K. Taimni. Autocultura à Luz do Ocultismo, Ed.Teosófica, Brasília, 1997, pg. 38

DESÂNIMO

        


      Nunca, nunca devemos ficar deprimidos. No começo não compreendemos como é grande o objetivo, como é longo o caminho, como é escuro no princípio. 'Lentamente a estrada serpenteia para cima através dos anos. Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na prosperidade ou no revés, o esforço deve continuar. Ao cair a pessoa ergue-se e gradualmente adquire coragem, fé, a vontade de ter sucesso e a capacidade de amar ... Inicialmente isso nos acarretará esforço, sacrifício e sofrimento, como qualquer disciplina destinada ao treinamento da mente, dos órgãos ou dos músculos. Mais tarde nos trará algo de inestimável valor, uma alegria peculiar e indefinível, que se deve sentir para compreender. Somente naqueles que lhe serviram fielmente toda a vida o espírito continua a elevar-se até o fim.' (Alexis Carrel). 

       Santa Teresa de Lisieux tomou, por ocasião de sua primeira comunhão, uma resolução, que respeitou por toda a sua vida: 'Nunca me permitirei desanimar.' 

    O desespero é outro lado do egoísmo, nosso inimigo no Caminho. 'Que ele erga o eu pelo Eu, e não permita que o eu seja deprimido. Na verdade o Eu é o amigo do eu, e também seu inimigo.' (O Bhagavad Gita) 

    O motivo certo e a cura da depressão são resumidos por um Instrutor, com estas palavras: 'Você deve viver para os outros e com eles, não para você ou com você mesmo.' (Um Adepto a W.Q. Judge) 

      'Antes que você possa aproximar-se do primeiro portal, deve aprender a separar seu corpo de sua mente, a dissipar a sombra e viver no eterno. Para isto cumpre viver e respirar em tudo, como tudo que você percebe respira em você; cumpre sentir-se em todas as coisas e todas as coisas no Eu ...'

      Há muitos instrutores; a Alma-Mestra é uma, Alaya, a Alma Universal. Viva nesse Mestre como seu raio em você. Viva em seus semelhantes como eles vivem na Alma Universal ... 

    'Sintonizou você seu coração e mente com a grande mente e coração de toda a humanidade?... O coração daquele que entrar na corrente deve assim vibrar em respostas a todo suspiro e pensamento de todos os que vivem e respiram.' (A Voz do Silêncio) 


Clara Codd, a Técnica da vida Espiritual, Ed. Teosófica, Brasilia, 2013, pg. 31