A OPORTUNIDADE

              

        

        
               "As pessoas mais sensíveis e observadoras sentem, há algum tempo, que o mundo está passando por uma mudança. Mas até o homem comum está percebendo que o PLANETA está mudando, não só no clima, mas na vibração, nas expectativas e atitudes das pessoas. Um número crescente de homens e mulheres, em meio à “luta pela sobrevivência”, sente que o mundo exterior, que tanto nos atrai, não mais satisfaz inteiramente os anseios mais íntimos do coração. Mais cedo ou mais tarde, descobrem que o elemento que falta é a dimensão espiritual. Para muitos esse é o começo da grande virada, o início da busca espiritual.

Essas pessoas, abençoadas com diferentes intensidades de insatisfação espiritual, começam então a buscar o que sentem estar faltando para alcançar seu senso de realização, plenitude, paz e felicidade. Para muitos, a busca inicial pode não ser estritamente por um propósito espiritual. O sofrimento devido a problemas com a saúde própria ou de um ente querido pode ser o motivo de muitos. Outros podem estar abalados com a perda de uma pessoa amada, seja pela morte ou por uma separação. Nesses casos o “buscador” tende a procurar alívio para a sua dor. Geralmente passam a buscar ajuda em instrumentos externos, como curadores, instrutores, profissionais de coaching ou grupos de autoajuda.

Essa primeira etapa será útil para mostrar ao sofredor que dispomos de maneiras, ao nosso alcance, para superar o sofrimento. Essa pode ser a primeira oportunidade que tiveram para se dar conta de que existem diferentes dimensões e planos da natureza com seus respectivos “habitantes” dotados de energias que lhes são próprias, mas que podem ser direcionadas para o nosso benefício. Chegará o momento em que entenderão que o auxílio exterior foi muito útil na etapa de dor intensa pela qual passaram. Porém, que a verdadeira busca espiritual demanda um processo de autotransformação. Nele os auxiliares externos são importantes “atores coadjuvantes”, mas que ele mesmo, o buscador, deve ser o ator principal do drama de sua “busca espiritual”.

Porém, quando a pessoa realmente começa a 'busca', soa o alarme instalado pelo 'oponente' da alma. O ego é avesso às mudanças, especialmente as que estão relacionadas com a busca espiritual. Esse 'inimigo da alma' sabe que a melhor maneira de anular o interesse espiritual não é combatê-lo diretamente, mas diluí-lo ou redirecioná-lo para objetivos secundários de tal forma que o interesse inicial venha morrer de inanição.

A mente do buscador começa então a investigar tudo o que encontra na literatura de seu grupo ou instituição e também das grandes tradições. E essa literatura é vasta. Depois de algum tempo de muita leitura, o entusiasmo do neófito começa a arrefecer. Ele sente que nunca vai dar conta de ler e realmente entender Os Vedas e os Puranas, a Bhagavad-Gitā, os Yoga-Sūtras de Patañjali, a literatura sobre a Cabala, as obras dos místicos, os textos gnósticos e A Doutrina Secreta, para mencionar algumas obras mais conhecidas, sem contar com as obras de sua própria linha ou tradição. Enfim, a lista é longa e o tempo é curto. Quando não encontram um verdadeiro instrutor espiritual, ou uma instituição de apoio séria, acabam desistindo.

Os buscadores mais determinados e maduros, com um interesse natural pela leitura e os estudos, enfrentam outro desafio. Depois de muitos anos de pesquisas, os mais determinados e talentosos seguidamente se deixam iludir, acreditando que o conhecimento intelectual da literatura é sinônimo de progresso espiritual. Não é raro encontrarmos 'enciclopédias ambulantes' sobre a literatura espiritual, que se tornam líderes de grupos, mas que, cedo ou tarde, passam pela frustração de ver esses grupos se dispersarem na medida em que os participantes descobrem que o discurso e a prática de seus orientadores são coisas diferentes. Erudição não é sinônimo de espiritualidade. A mera erudição é equivalente a uma decoração intelectual da personalidade. É linda para ver e ouvir, mas não satisfaz o coração do buscador sincero. (...)

Na tradição cristã, infelizmente o buscador leigo não encontra com facilidade uma prática sistemática devotada à vida espiritual. A obra, Imitação de Cristo, atribuída a Thomas à Kempis, cônego regular alemão do século XV, tem servido de orientação principalmente nos mosteiros católicos. Imitação de Cristo é uma obra clássica da “via negativa”, que prega instruções radicais, tanto de atitudes como de práticas supostamente visando à purificação. Os místicos geralmente encontram nos mosteiros vasta literatura bem como orientadores experientes, sendo que os mais avançados conseguem receber as orientações necessárias diretamente de seu Mestre interior durante suas práticas de contemplação.

Mas o buscador leigo sente-se frustrado, pois as igrejas estão orientadas para oferecer condições e instruções para a vida devocional e não para a vida espiritual. Ao cristão é ensinado que o importante é CRER que Jesus morreu na cruz para salvar todo bom cristão. E quem é um bom cristão? Aquele que crê nas doutrinas e nos dogmas da Igreja, que obedece ao clero, vai à missa ou ao culto semanal e não se esquece de pagar o dízimo. Se ele ou ela for um bom fiel ou crente, sua salvação já está garantida. Para que, então, preocupar-se com uma suposta 'vida espiritual'?

Não é de se estranhar que milhares de buscadores de origem cristã acabem procurando em outras tradições, especialmente no Yoga, no Budismo, no Hinduísmo, na Cabala e na Teosofia as orientações que estão procurando e não encontram em sua própria tradição. (...)

Raul Branco, a Essência da Vida Espiritual, Editora Teosófica, Brasília, 2018, pgs 15/16  

OS CHAKRAS SEGUNDO GICHTEL

 



    "Gichtel, que nasceu em 1638, em Ratisbon na Bavária, estudou Teologia e Direito e exerceu a Advocacia. Porém, em seguida, se tornando consciente de um mundo espiritual interior, abdicou de todos os interesses mundanos e se tornou o fundador de de um movimento místico cristão. Sendo oposto à ortodoxia ignorante de seu tempo, ele chamou para si o ódio daqueles que ele atacou. em aproximadamente 1670, ele foi consequentemente banido, e sua propriedade foi confiscada. Ele finalmente achou refúgio na Holanda, onde viveu pelos remanescentes quarenta anos de sua vida.
    Ele evidentemente considerou as figuras impressas em seu Theosophia Practica como sendo de natureza secreta. Pelo visto, elas foram mantidas dentro de um pequeno círculo de seus discípulos por um número significativo de anos. Elas eram, diz ele, o resultado de uma iluminação interior, presumidamente daquilo que em nossos tempos modernos nós chamaríamos de faculdades clarividentes. Na folha de rosto de seu livro, de seu livro ele diz que eles são 'Uma pequena exposição dos três princípios dos  três mundos nos homens, representados em claras figuras, mostrando como e onde eles têm seus respectivos centros no homem interior; de acordo como que o autor observou nele mesmo em contemplação divina, e o que ele sentiu, saboreou e percebeu.' (...)
    O interessante da foto para nós, no entanto, não está na interpretação do autor, ma no fato de que ela mostra, sem nenhum engano, que ao menos alguns dos místicos do século dezessete sabiam da existência e da posição dos sete centros ou chakras no corpo humano.
    Mais evidências do conhecimento antecipado sobre estes centros de força existem nos rituais da Maçonaria, cujos pontos relevantes vêm até nós de tempos imemoráveis. Os monumentos nos mostram que estes pontos eram conhecidos e praticados no Egito antigo e foram passados fielmente aos dias presentes. Maçons os encontram entre seus segredos e, ao utilizá-los, eles, na realidade, estimulam certos centros na ocasião e para o propósito de seu trabalho, embora eles geralmente saibam pouco ou nada do que está acontecendo além do alcance da visão normal."
    


* imagens postadas pelo Blogger.
C.W. Leadbeater, Os Chakras, Ed, Teosófica, Brasília, 2020, pgs. 38/41


AS ADVERSIDADES


 
"A adversidade não vem para nos destruir ou punir, mas sim como uma ajuda para despertar a invencibilidade que existe na alma. (...) As dolorosas provações que enfrentamos são apenas a sombra da mão de Deus, estendida para nos abençoar. O Senhor está muito ansioso para nos tirar de maya, este atribulado mundo da dualidade. As dificuldades que permite que enfrentemos são necessárias para apressar nosso retorno a Ele."

Sri Daya Mata, No Silêncio do Coração, Self-Realization Fellowship, 2009, pg. 99.

A IMPORTÂNCIA DA VONTADE



    "A vontade é o fator de suprema importância em todo trabalho oculto de crescimento espiritual. O poder criador mágico de 'Kriyashakti' é a força de 'concentração do pensamento e da vontade'. Força de vontade não somente significa a habilidade de escolher, mas também a de permanecer no caminho escolhido, de perseverar. 
    Este poder é frequentemente um dos pontos mais fracos na constituição do homem moderno. Toda a tendência de nossa vida moderna suave e confortável é o solapamento da vontade e da capacidade de resistência. A inteligência para ver o melhor caminho e a vontade firme de continuar trilhando-o são necessidades absolutas para o sucesso em qualquer empreendimento, material ou espiritual. 
    A posse do poder da vontade não é um dom do alto. Se alguém o possui é por tê-lo desenvolvido por si mesmo, em vidas passadas. A grande maioria dos homens é mais ou menos deficiente neste particular. Mas ele pode ser desenvolvido."

Clara Codd, a Técnica da Vida Espiritual, Ed. Teosófica, Brasília 2013, og. 25

O LADO OCULTO DA LEITURA E DO ESTUDO

    


        "Há um lado oculto em todo ato da vida quotidiana; muitas vezes, conhecendo-o, nós podemos cumprir mais perfeitamente ou mais utilmente esses atos diários.
            Vejamos, por exemplo, o caso da leitura. 
     Falando em termos gerais, é com duas finalidades que nós lemos: o estudo e o passatempo. Olhando-se com a visão clarividente para uma pessoa que esteja lendo e estudando, poderemos ficar surpresos em ver como penetra pouca coisa da real significação do que está escrito, na mente do leitor. Em um livro que seja cuidadosamente escrito com objetivo de estudo, cada proposição ou cada parágrafo contém geralmente uma exposição clara de uma ideia definida. Esta ideia se expressa como uma forma-pensamento, cujos contornos ou dimensões variam com o assunto. Mas, seja ela pequena ou grande, simples ou complexa, é pelo menos nítida e precisa quanto à sua espécie. Em geral é rodeada de várias formas subsidiárias, que são as expressões de corolários ou deduções necessárias daquilo que se expõe. Pois bem: uma imagem exata de tudo isso, que é a forma-pensamento do autor, deve construir-se na mente do leitor, seja imediatamente, seja por graus. Que as formas indicativas de corolários possam igualmente aparecer depende da natureza da mente do estudante – conforme seja ele ou não apto a perceber rapidamente tudo o que deflui de determinada ideia. 
    Como regra geral, em um bom estudante a imagem da ideia central reproduzir-se-á com muita exatidão no mesmo instante, e as imagens ao redor lhe surgirão, uma por uma, quando o estudante revolve a ideia na mente. Mas, infelizmente, com muitas pessoas até mesmo a ideia central não se apresenta bem. Menos desenvolvidas mentalmente, não podem fazer uma reflexão nítida, e criam uma espécie de massa amorfa e incorreta, em vez de uma figura geométrica. Outras criam algo que se reconhece ser a mesma forma, mas com arestas e ângulos embotados ou com uma parte inteiramente fora de proporção com o resto – uma imagem mal desenhada, em suma. 
    A outros sucede construírem uma espécie de esqueleto, significando que aprenderam os traços gerais da ideia, mas se revelam ainda incapazes de lhe dar vida ou de preencher algumas de suas minúcias. Outros – e talvez a classe mais numerosa – tocam um lado da ideia e não o outro, e assim constroem a forma somente pela metade. Há ainda os que percebem um ponto e esquecem todo o resto, gerando desse modo uma figura que pode ser exata nesse ponto, mas não é reconhecível como uma reprodução da do livro. Todos eles, no entanto, afirmarão haver estudado o livro; mas, se lhes pedirmos que nos reproduzam de memória o seu conteúdo, as tentativas nesse sentido pouco terão de comum com o assunto. 
    Em primeiro lugar, isso quer dizer falta de atenção. Essas pessoas, é de presumir, leem as palavras, mas as ideias que estas exprimem não se fixam em suas mentes. Muitas vezes, ao clarividente é fácil perceber a razão, pois verá o corpo mental do estudante ocupado com meia dúzia de assuntos ao mesmo tempo. Os trabalhos de casa, os aborrecimentos de negócio, a lembrança de um prazer recente ou a expectativa de um próximo, um sentimento de fadiga e de enfado por ter de estudar e o desejo de chegar ao momento final da meia hora de estudo, tudo absorve nove décimos da matéria do corpo mental do leitor, fervilhando no seu cérebro, enquanto o pobre décimo restante faz um desesperado esforço para aprender a forma-pensamento que ele pretendia assimilar do livro. Em tais circunstâncias, é natural que não se possa esperar nenhum benefício real; e, para resumir, seria provavelmente melhor que ele não tentasse estudar. 
Assim, do exame deste lado oculto do estudo ressaem certas regras definidas que seria conveniente o estudante observar. Primeiro. Começar esvaziando a mente de todos os demais pensamentos, não permitindo que a eles retornem enquanto não terminado o estudo. Libertar a mente de todas as preocupações e perplexidades, concentrando-se totalmente na matéria em estudo. Ler o parágrafo lenta e atentamente, fazendo uma pausa para ver se a imagem está clara em sua mente. Depois, prosseguir na leitura com o mesmo cuidado, vendo se as linhas adicionais se ajustaram à sua imagem mental. Repetir a leitura até sentir que se assenhoreou completamente do assunto, e que nenhuma ideia nova a esse respeito foi imediatamente sugerida. Isso feito, pode utilmente ver se lhe é possível encontrar algum dos corolários, se pode rodear sua forma-pensamento central de planetas subordinados. 
    Durante todo esse tempo, insistirá uma multidão de outros pensamentos em serem admitidos; mas, se o nosso estudante é digno deste nome, os afastará energicamente, conservando a mente fixada exclusivamente no assunto. A forma-pensamento original que descrevi representa a concepção do autor, tal como ele escrevia, e sempre é possível, mediante um estudo acurado, manter assim contato com a mente do autor. Não raro pode este ser alcançado através de sua forma-pensamento, obtendo-se informação suplementar ou fazendo-se luz em pontos difíceis. Comumente não pode o estudante, a menos que seja altamente desenvolvido, entrar em consciente comunicação com o autor, ao ponto de realmente trocar ideias com ele; qualquer ideia nova provavelmente aparecerá como sua própria, porque vem sempre de cima para o seu cérebro, tanto quando é sugerida de fora como quando se origina em seu próprio corpo mental. Isso, porém, não importa, desde o instante em que o estudante adquira uma compreensão clara do objeto."

C. W Leadbeater, O Lado Oculto das Coisas, Ed. Teosófica, Brasília, 2017, pgs. 267/270

INSIGHT

    



 "O que é 'insight'? Pode-se procurar a palavra nos dicionários, mas, neste contexto, podemos concluir que significa ter a 'percepção direta' de algo ou alguém.Trata-se de uma visão interior, semelhante à tomada de consciência e próxima de uma intuição, um pouco mais do que isso. A intuição é um lampejo de entendimento, mas quando há insight, descobrimos a sabedoria interior, sem palavras. O mais profundo em nós está além da expressão.

    Como o insight é desenvolvido? Pode desenvolvê-lo ponderando sobre definições ou enigmas e praticando atenção plena e a meditação. A prática e a sinceridade podem ser os fatores mais importantes aqui.

    Um mestre Zen disse: 'Uma palavra é como um dedo apontando para a lua, mas o dedo não é a lua.' Se o homem possui tal estado interior capaz de ver a lua, então o dedo cumpriu sua tarefa. Mas aquele que fixa o olhar no dedo, terá errado.

    O insight pode também ser desenvolvido pelo reto viver e por meio de experiências significativas. As experiências significativas começam onde as palavras terminam. É possivel experimentar a vida de maneira positiva, brilhante e verdadeira. Este é o caminho para a consciência universal. (...)

    Temos a tendência de buscar encontrar soluções e esquemas formais. Eles proporcionam uma sensação de segurança. Mas a Realidade não os reconhece. Tudo é novo de momento a momento. A verdade real nunca é resolvida pelo intelecto ou pelas definições. A verdade está por trás de todas as nossas definições. O mais profundo em nós está além de toda expressão, mas nossa tarefa é encorajar o encontro com o insight e a Verdade.

    Nossa regeneração interior não presume um novo mundo ao nosso redor. De certa forma, trata-se do mesmo mundo e, ainda assim, na verdade, trata-se de um mundo completamente novo, pois nosso relacionamento com ele é novo."

Marja Artamaa, Das Definições ao Insight, Revista TheoSophia, Ano 109, publicação da Sociedade Teosófica no Brasil


DIFERENTES TIPOS DE MATÉRIA




    "Nesses 'corpos' da Divindade Solar, em seus vários níveis, há certas classes ou tipos diferentes de matéria, que se distribuem uniformemente por todo o Sistema. Não estou aludindo aqui à nossa usual divisão dos mundos e de suas subseções – divisão que se baseia na densidade da matéria; no mundo físico, por exemplo, temos os estados sólido, líquido, gasoso, etérico, superetérico, subatômico e atômico, todos eles físicos, mas diferem em suas densidades. Os tipos a que me refiro constituem séries totalmente distintas de divisões que se entrecruzam, cada uma contém matéria em todas as suas diferentes condições, de modo que, se enumerarmos os vários tipos, encontraremos matéria sólida, líquida e gasosa do primeiro tipo, matéria sólida, líquida e gasosa do segundo tipo, e assim por diante. 
    Esses tipos de matéria se interpenetram, como também o fazem os constituintes de nossa atmosfera. Imaginemos uma sala cheia de ar; qualquervibração comunicada ao ar, como a de um som, por exemplo, seria perceptível em todas as partes da sala. Suponhamos que fosse possível produzir uma espécie de ondulação que atingisse apenas o oxigênio, sem perturbar o nitrogênio; a ondulação, ainda se faria sentir em todas as partes da sala. Se admitirmos que, por um momento, a proporção de oxigênio fosse maior em uma parte da sala que em outra, então a oscilação, embora perceptível em todas, seria mais intensa naquela. Assim como o ar de uma sala se compõe (principalmente) de oxigênio e nitrogênio, do mesmo modo a matéria do Sistema Solar se compõe daqueles diferentes tipos; e, assim como uma onda (se tal fosse o caso) que somente atingisse o oxigênio, ou somente o nitrogênio, seria, não obstante, sentida em todas as partes da sala, um movimento ou modificação que atinja só um dos tipos produzirá efeito em todo o Sistema Solar, embora possa ser mais intensa em um ponto do que em outro. 
    Essa afirmação é verdadeira em todos os mundos; mas, por amor à clareza, vamos por enquanto restringir o nosso pensamento a um mundo apenas. Talvez a ideia seja mais fácil de entender no tocante ao astral. Costuma-se explicar que, no corpo astral dos humanos, a matéria pertencente a cada uma das subsecções astrais deve estar presente, e que a proporção entre os tipos mais densos e os mais sutis mostra até que ponto este corpo é capaz de responder aos desejos grosseiros ou refinados e, portanto, é, de certo modo, uma indicação do grau de evolução da pessoa. Analogamente, em cada corpo astral há matéria de cada um dos tipos e, nesse caso, a proporção entre eles mostrará a inclinação do homem: se é devocional ou filosófica, artística ou científica, pragmática ou mística."

C. W.Leadbeater, O Lado Oculto das Coisas, Ed.Teoófica, Brasília, 2017, pg.43/44.


A DIVINDADE DO SISTEMA SOLAR




    "O estudo do oculto encara o Sistema Solar, em toda a sua vasta complexidade, como a manifestação parcial de um grande Ser vivente, e todas as suas partes como aspectos dessa manifestação. Muitos nomes Lhe têm sido dados; em nossa literatura teosófica Ele foi descrito, muitas vezes, sob o título gnóstico de Logos – o Verbo que no princípio estava com Deus e era Deus; mas agora costumamos referir-nos a Ele como a Divindade Solar. Todos os constituintes físicos do Sistema Solar – o Sol com sua magnífica coroa, todos os planetas com seus satélites, seus oceanos, suas atmosferas e os vários éteres que os envolvem – tudo isso, coletivamente, é o Seu corpo físico, a expressão d’Ele no plano físico.
    De modo idêntico, os mundos astrais coletivos – não somente os mundos astrais pertencentes a cada planeta físico, mas também os planetas puramente astrais de todas as cadeias do sistema (como, por exemplo, os planetas B e F de nossa cadeia) – formam o seu corpo astral, e os mundos coletivos do plano mental são o Seu corpo mental, o veículo por cujo intermédio Ele se manifesta nesse nível particular. Cada átomo de cada mundo é um centro através do qual Ele é consciente, e, portanto, não só é verdade que Deus é onipresente, mas também que tudo que existe, existe em Deus. 
    Vemos, assim, que a antiga concepção panteísta se aproxima da verdade, ainda que apenas em parte, pois toda a Natureza, em seus diversos planos, não é senão a vestimenta daquele Ser, que existe fora e acima de tudo isso, em uma vida que transcende a toda e qualquer definição, e da qual nada podemos saber. Uma vida entre outros Regentes de outros Sistemas. Assim como todas as nossas vidas estão literalmente dentro d’Ele e são, em verdade, uma parte d’Ele, assim a Sua vida e a das Divindades Solares dos inumeráveis sistemas solares são parte de uma vida ainda maior, a da Divindade do Universo visível. E se existe, nas profundezas do espaço, outros universos, para nós invisíveis, todas as suas Divindades, por sua vez, devem fazer parte igualmente da Grande Consciência Una, que inclui a totalidade."

C. W. Leadbeater, O lado Oculto das Coisas, Ed. Teosófica, pg.43/43

A PERSONALIDADE E O EGO

 




"Para compreender a técnica desta grande jornada devemos compreender a nós mesmos e a constituição de nossas almas, bem como tentar ter um vislumbre da Pessoa que realmente somos. Podemos olhar num espelho e ver um corpo, sadio ou doente, belo ou não, e dizer: "Sou isto". Entretanto, o pensamento de um momento nos mostrará que não pode ser assim, pois quando a morte chegar, este corpo se esfacelará e desaparecerá, mas temos a firme convicção de que nós não desapareceremos! É uma verdadeira intuição. O homem não é somente este corpo que pode ser visto com os olhos físicos. Há para ele bem mais que isso. 

Com esse corpo ele se movimenta e age. São porém, bem mais importantes para ele seus pensamentos e sentimentos subjetivos. Serão eles originários do cérebro e das células nervosas do corpo? Se assim fosse eles deixariam de existir após a morte. 

É fato demonstrável, mesmo para a razão e para os sentidos humanos, nestes admiráveis dias, que um homem vive em diversos mundos de consciência ao mesmo tempo, e esses se manifestam através de estados de matéria mais rudes ou mais refinados ou de forças vibratórias. Cumpre lembrar que não há forma de consciência que não se expresse através de alguma forma de matéria. Há muitos planos ou condições de consciência e matéria, interpenetrando o mundo físico. em uma das quais o pensamento e a atividade mental são os fatores determinantes, e em outro se expressam a sensação e a emoção. Juntos eles constituem o mundo psíquico ou o mundo da "alma", pois a palavra grega que é traduzida como "alma" é "Psyche", de onde tiramos os termos psíquico e psicologia. (...). 

Para a compreensão completa desta questão cumpre que sejam estruturados os numerosos livros escritos por ocultistas. Talvez bastasse para nossa finalidade presente pensar em nós mesmo como um ser tríplice - corpo, alma e Espírito. 

O corpo é o instrumento da ação e da experiência. Através dos acontecimentos da vida que nos atingem com tanta rapidez, formamos hábitos mentais, conceitos e idéias e, mais ou menos baseados nisto, agimos. 

O corpo é um instrumento valioso para o progresso de nossa alma, mas não é realmente nós, é nosso para nosso uso.

Algumas pessoas confundem os dois termos, alma e Espírito, e julgam que eles são permutáveis, mas no original grego são palavras bem diferentes. Espírito é a palavra grega "pneuma", que praticamente tem o mesmo significado que a latina "spiritus", que quer dizer alento vital. A Vida Eterna insuflou no homem psíquico e físico o Alento de Vida e ele se tornou uma alma viva e imortal. Esse terceiro fator em nós é a parte eterna, imortal, que dura para sempre. "Não será eliminado quando o corpo for destruído".

O espírito em nós é a Palavra de Deus feita em carne, aquela que a Inteligência Criadora pronunciou para expressar Seu Pensamento e enquanto o "céu" e a "terra" de nosso interior e exterior, psíquico e físico, passam e são repetidamente recriadas, a Palavra em nós nunca passará, nunca deixará de existir. 

Este é nosso "Eu Superior", se, como é natural, pensarmos nele como acima de nós."

Clara Codd, A Técnica da Vida Espiritual, Ed. Teosófica, pgs. 13/17

A QUARTA DIMENSÃO



"Muitos escritores zombaram da ideia de uma quarta dimensão e lhe negaram a existência. A verdade, porém, é que o nosso mundo físico é um mundo de muitas dimensões, e que todos os objetos nele existentes se estendem numa direção que escapa à nossa compreensão no presente estágio da evolução mental da humanidade. Quando desenvolvemos os sentidos astrais, ficamos em contato muito mais imediato com aquela dimensão do que a nossa mente é capaz de avaliar, e os mais inteligentes conseguem afinal compreendê-la, gradualmente; há, contudo, aqueles menos desenvolvidos intelectualmente que, até mesmo depois da morte e dentro do plano astral, se encontram demasiado presos a suas antigas limitações e adotam as mais absurdas e irracionais hipóteses para se recusarem a aceitar a realidade de uma vida superior, que eles tanto receiam. Porque, para as pessoas em geral, o caminho mais fácil com vistas à percepção da quarta dimensão do espaço é desenvolverem em si mesmas o poder da visão astral, muita gente é levada a supor que a quarta dimensão é uma propriedade exclusiva do mundo astral. Uma curta reflexão mostrará que não pode ser assim. Fundamentalmente, só há uma espécie de matéria no Universo, chamem-na física, astral ou mental, conforme o grau da subdivisão e a velocidade da respectiva vibração. Consequentemente, as dimensões do espaço – se existem – são independentes da matéria contida nelas; e, se este espaço possui três, quatro ou mais dimensões, toda a matéria ali existente está sujeita àquelas condições, se pudermos acessá-las ou não.(...)

Para os nossos presentes objetivos, basta dizer que temos aqui um aspecto ou extensão do nosso mundo que, apesar de completamente ignorado pela maioria das pessoas, requer a atenção e o exame dos que desejam compreender a vida em sua totalidade, não somente em um pequeno fragmento dela."

C. W. Leadbeater, O lado Oculto das Coisas, Ed. Teosófica, pg. 32/34


A MAGIA BRANCA E A MAGIA NEGRA



    "Magia é o uso da vontade para guiar os poderes da natureza externa, e é verdadeiramente, como implica o nome, a grande ciência. A vontade humana, sendo o poder do divino no homem, pode subjugar e controlar as energias inferiores produzindo assim os resultados desejados. A diferença entre magia branca e magia negra jaz no motivo que determina a vontade; quando essa vontade é empregada para beneficiar os outros, para ajudar e abençoar todos que entram em seu escopo, então o homem é um mago branco, e os resultados que produz pelo exercício de sua vontade habilitada são benéficos e auxiliam o andamento da evolução humana. Ele está sempre se expandindo por meio de tal exercício, tornando-se cada vez menos separado dos outros, e é um centro de ajuda de longo alcance. Mas quando a vontade é exercida para a vantagem do eu inferior, quando é empregada para fins e objetivos pessoais, então o homem é um mago negro, um perigo para a Raça, e seus resultados obstruem e retardam a evolução humana. Ele está continuamente se estreitando com o exercício da magia negra, tornando-se cada vez mais separado dos outros, fechando-se no interior de uma concha que o isola, e que se torna cada vez mais compacta e densa com o exercício de seus treinados poderes.

    A vontade do mago é sempre forte, mas a vontade do mago branco tem a força da vida - flexível ou rígida quando necessário, sempre se equiparando à grande Vontade, a lei do universo. A vontade do mago negro tem a força do ferro, apontando sempre para o fim pessoal; chocando-se contra a grande Vontade, mais cedo ou mais tarde deve despedaçar-se contra ela.

    É contra o perigo da magia negra que o estudante de Ocultismo é precavido pela lei que proíbe de usar seus poderes ocultos em benefício próprio; pois embora não seja mago negro o homem que deliberadamente não erige sua vontade pessoal contra a grande lei, é bom reconhecer a essência da magia negra e impedir o mal desde o início. Tal como foi dito acima - que o santo que harmoniza as forças discordantes dentro de si é verdadeiramente o mago branco -, o mago negro é aquele que usa as forças que adquiriu pelo conhecimento para benefício próprio, utiliza-as para o serviço de sua própria separatividade, e aumenta a desarmonia do mundo por sua ganância egoísta, enquanto busca preservar a harmonia em seus próprios veículos."

(Annie Besant - Um estudo sobre a Consciência - Ed. Teosófica, Brasília - p. 243/244)

O LADO OCULTO DOS SONS DA NATUREZA



"Não é apenas o som musical que produz formas definidas. Todo som da natureza tem o seu efeito, e em alguns casos os efeitos apresentam as mais
notáveis características. O retumbar de um trovão cria geralmente uma larga faixa movediça colorida, e o estrondo ensurdecedor provocado pela explosão de uma bomba dá lugar a uma combinação de radiações irregulares; ou, às
vezes, a uma gigantesca esfera irregular eriçada de pontas que se projetam em todas as direções. O incessante fustigar das ondas sobre a terra guarnece as praias de uma franja permanente de linhas sinuosas e paralelas de belíssimas
cores cambiantes, levantando-se como enormes fileiras de montanhas quando
o mar é açoitado por uma tempestade. O roçar do vento entre as folhas da floresta cobre-a de um lindo rendado iridescente, que se alteia e se abaixa
num gracioso movimento oscilatório, como o perpassar do vento em um campo de trigo.
Algumas vezes essa nuvem esvoaçante é entremeada de pontos luminosos,
representando o canto dos pássaros, como fragmentos desprendidos de
uma corrente de prata que retinam melodiosamente no ar. Há uma variedade
quase infinita destas formas, desde os vistosos globos dourados produzidos pelas notas do sino, até a massa de cor indefinida que resulta do grito de um papagaio ou de uma arara. O rugido do leão pode ser visto e ouvido por aqueles cujos olhos estão abertos; na verdade, não é de modo algum impossível que algumas criaturas selvagens possuam esse toque de clarividência, e
que o terrificante efeito que se diz produzido por aquele som seja principalmente devido às emanações procedentes da forma por ele criada."


C. W. Leadbeater, O Lado Oculto das Coisas, Ed. Teosófica, Brasília, 2017. pg. 157

A PAZ

    



"Por traz da felicidade ativa deve existir uma paz permanente, que também devemos procurar irradiar à nossa volta. A falta de paz é uma das mais lamentáveis características do nosso tempo. Nunca houve época em que o ser humano necessitasse mais de pôr em prática o sábio conselho de São Pedro: "Procurai a paz e segui-a", mas a maioria não sabe sequer por onde começar a procurar, e daí concluir que a paz é inatingível na Terra, e resignar-se a uma vida de inquietação.

O ser humano vive simultaneamente em três mundos, o físico, o astral ou emocional e o mental, possuindo em cada um deles um corpo ou um veículo, por cujo intermédio se manifesta. Em todos esses níveis, em todos esses veículos, devia haver paz; entretanto, com a maioria de nós isso está bem longe de acontecer.(...)

São três as causas dessa inquietação universal: a ignorância, o desejo e o egoísmo. O caminho para a paz consiste, portanto, em transpor tais obstáculos, substituindo-os pelos seus contrários; em adquirir conhecimento, autodomínio e altruísmo. As pessoas pensam muitas vezes que as causas de suas ansiedades são externas, que o sofrimento e os dissabores lhes fazem pressão de fora, sem refletirem que não há fator externo que as possa influenciar a não ser que o consintam. Senão nós mesmos, pode fazer-nos mal ou embaraçar-nos, assim como pessoa alguma pode promover o nosso progresso, senão nós mesmos. Como já se disse muito bem no Oriente, o caminho está dentro de nós. Se nos dermos ao trabalho de prestar atenção, veremos que é assim. 

Para ganhar a paz devemos primeiro ganhar o conhecimento das leis à que está submetida a evolução. Quando as ignoramos, estamos sempre transgredindo-as, desviando-nos constantemente da senda do progresso da raça, à procura de alguma vantagem ou prazer pessoal e imaginário. A constante pressão da lei de evolução nos obriga a retroceder, para nosso próprio bem, ao caminho que havíamos deixado; ficamos inquietos; lutamos contra a lei; queixamo-nos do sofrimento e dos dissabores, como se nos chegassem por mero acaso, quando é a nossa resistência aos ditames da lei que nos faz sentir-lhe a força coercitiva.

O conhecimento do grande esquema da evolução e de suas leis não só nos mostra como viver, mas ainda como ganhar a paz no futuro; e também dá a paz aqui e agora no presente, por isso que nos habilita a compreender o objetivo da vida, a ver a unidade através de toda a sua diversidade, o glorioso triunfo final por entre o nevoeiro da angústia e da confusão aparentemente sem esperança. Porque, quando o esquema é compreendido, seu objetivo deixa de ser uma questão de fé cega, passando a ser uma certeza matemática; e desta certeza advém a paz. 

Ao nosso conhecimento devemos acrescentar o autodomínio – o domínio não simplesmente dos atos e das palavras, mas também dos desejos, das emoções e dos pensamentos. 

Pois todos os pensamentos e emoções se apresentam como ondas da matéria dos corpos mental e astral, respectivamente; e em ambos os casos os pensamentos maus e egoístas são sempre vibrações relativamente lentas da matéria grosseira, ao passo que os pensamentos bons e enegoístas são ondulações mais rápidas que ocorrem somente na matéria sutil. Mas um súbito acesso de cólera ou de inveja ou de medo submerge por um momento todo o corpo astral e o obriga a uma vibração especial. Essa agitação logo se acalma, e o corpo retorna ao seu nível normal de vibração. Mas depois disso é um pouco mais fácil responder à taxa particular de vibração que exprime aquela paixão má. 

Há muito tempo ensinou o Senhor Buddha aos seus fiéis que a vida do ser humano comum é cheia de dores, porque ele se apega às coisas terrestres que perecem e desaparecem. 

Tudo, em nossa civilização, tende a aumentar os desejos, a multiplicar nossas necessidades. Coisas que eram consideradas como luxo em uma geração passam a ser necessidades da vida na geração seguinte, e os nossos desejos se estendem sempre em novas direções. Se almejamos paz, devemos aprender a limitar nossos desejos, levar vida simples, procurando o bem-estar mas sem ambição de luxo, distinguindo o que é necessário do supérfluo. Vale mais reduzir nossas necessidades, deixando-nos tempo para repousar, do que extenuar-nos até à morte no desesperado esforço de satisfazer sem cessar nossas crescentes necessidades. Quem quer alcançar a paz deve certamente governar seus desejos. (...)

Esse o caminho para a Paz. Possa esta Paz estar com todos nós.

C. W. Leadbeater, O Lado Oculto das Coisas, Ed. Teosófica, Brasília, 2017, pgs, 328 a 332