PERDÃO


"Na minha infância, minha mãe costumava colocar curativos nos meus machucados e retirava-os religiosamente dois dias depois. Nunca compreendi por que ela fazia isso, já que as feridas não estavam completamente curadas. Quando perguntei sobre o assunto, ela respondeu: 
- É preciso expor a ferida ao ar para que ela feche mais rápido. 
O mesmo acontece com nossas feridas emocionais, que precisam de um pouco de exposição para começar o processo de cura.
Quando alguém diz ou faz algo que nos magoa, tendemos a nos apegar à ferida e a guardar ressentimentos em relação àquela pessoa. Do ponto de vista da energia psíquica, isto é um erro. Carregar uma ferida emocional estimula e alimenta emoções e pensamentos negativos relacionados com essa ferida, e a dor contagia nosso espaço. Como já disse várias vezes, semelhante atrai semelhante. Portanto, atrairemos elementos igualmente negativos. Quanto antes nos permitirmos vivenciar os sentimentos de raiva e frustração, mais cedo poderemos nos despegar da dor. E com esse desapego vem o verdadeiro passo na direção da cura: o perdão."


(James Van Praagh - Em busca da Espiritualidade - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 - p. 64)







NO SILÊNCIO DA MEDITAÇÃO


"Na imobilidade e no silêncio da meditação, retornamos num lampejo àquela profunda natureza interior que há tanto perdemos de vista para o mundo dos negócios e das distrações da nossa mente. Não é extraordinário que ela só possa se acalmar por uns poucos instantes sem aferrar-se a uma distração? Nossa mente é de tal forma inquieta e preocupada que às vezes penso que viver numa cidade em nosso mundo de hoje é já viver como os seres atormentados do estágio intermediário que se segue à morte, quando se diz que a consciência é angustiosamente inquieta. De acordo com algumas autoridades, mais de 13% das pessoas nos Estados Unidos sofrem de algum tipo de desordem mental. O que isso diz sobre o modo como vivemos?
Somos fragmentados em tantos aspectos diferentes! Não sabemos quem de fato somos, com que aspectos de nós mesmos devemos nos identificar, ou em quais devemos crer. Tantas vozes, comandos e sentimentos diferentes lutam pelo controle de nossa vida interior que vemo-nos dispersos por toda a parte, em todas as direções, deixando a casa sem ninguém. A meditação, é então, trazer a mente para casa."


(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, p. 89)

MENTE MEDITATIVA


"Os mestres da meditação budista sabem o quão flexível e maleável é a mente. Se a treinamos, tudo é possível. Na verdade, já somos perfeitamente treinados pelo samsara e para ele, treinados para ficar ciumentos, treinados para o apego, treinados para ser ansiosos e tristes e desesperados e ávidos, treinados para reagir com raiva ao que quer que nos provoque. Somos treinados, de fato, até o ponto dessas emoções negativas surgirem de modo espontâneo, sem que tentemos produzi-las. Assim, tudo é uma questão de treino e do poder do hábito. Dedique a mente à confusão e logo veremos - se formos honestos - que ela se tornará uma mestra sinistra na confusão, competente no seu vício, sutil e perversamente dócil em sua escravidão. Dedique a mente na meditação à tarefa de libertá-la da ilusão e veremos que com tempo, paciência, disciplina e o treinamento adequado, ela começará a desembaraçar-se e conhecer sua bem-aventurança e claridade essenciais. (...)"


(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 87/88)

O MAIS BELO ESTADO DA MENTE E DO CORAÇÃO

 


"A liberdade de qualquer sentido de posse, não apenas com relação a objetos, mas também a pessoas próximas e ao país e à raça, requer compreensão amadurecida, uma condição de claro insigth. Quando essa condição existir no coração da pessoa, ela se refletirá na sua vida exterior, trazendo-a uma ordem maravilhosa, tornando a vida simples, sem supérfluos, e orientando o seu fluxo de uma maneira que manifesta a beleza da forma e do espírito interior da pessoa. Os bens que a pessoa de fato possui não tem necessariamente uma correlação com este estado. Os bens não recebidos do karma que destribui a responsabilidade de acordo com os atos passados de todos os envolvidos; mas o grau de correção no lídar com as suas posses depende muito do quanto desapegado se está em relação a esses bens."

N. Sri Ram, Em Busca da Sabedoria, Ed. Teosófica, pg. 117. 


O VALOR DE UM IDEAL

   


 "Um ideal é um conceito mental fixo e de caráter inspirador, estruturado para guiar a conduta. E a formação de um ideal é um dos meios mais eficazes de influenciar o desejo. O ideal pode, ou não, encontrar corporificação em um indivíduo segundo o temperamento do homem que o forja, e devemos sempre lembrar que o valor de um ideal depende em grande parte de sua atratividade, e que aquilo que atrai um temperamento pode não necessariamente atrair outro.

    A mente, é claro cria um ideal e o retém como uma abtração, ou corporifica-se em uma pessoa. O momento escolhido para a criação de um ideal deverá ser quando a mente está calma, firme e luminosa, quando a natureza do desejo está adormecida.

    O indivíduo intelectual manterá esse ideal como um conceito puro. O homem de naturza emocional irá corporificá-lo numa personagem como o Buda, o Cristo, Sri Krishna ou algum outro instrutor divino.

    O homem que habitualmente vive na presença de um grande ideal está armado contra desejos errôneos pelo amor do seu ideal, pela vergonha de ser vil em sua presença, pelo anseio de se assemelhar àquilo que adora, e também pela nova tendência geral de sua mente ao longo das linhas de um nobre pensar. Desejos errôneos tornam-se cada vez mais incongruentes. Eles perecem naturalmente, incapazes de respirar nesse ar puro e claro.

    Assim o pensamento pode molder e direcionar o desejo, trasnmutando-o de inimigo em aliado. Ao mudar a direção do desejo, ele se torna uma força que eleva e aceler, em vez de retardar; e onde os desejos por objetos nos prendiam firmemente ao lodo da terra, o desejo pelo ideal eleva-os sobre fortes asas até o céu."

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Edtitora Teosófica, Brasília, 2014, pgs, 191/192

PROVAÇÕES



"Não importam quais tenham sido as suas provações ou quão desanimado se sinta, caso faça um esforço constante para melhorar, descobrirá que, criado à imagem e semelhança de Deus, dispõe de um poder sem limites e muito mais considerável que as piores tribulações enfrentadas. Diga a si mesmo, mentalmente, que vencerá, empreendendo esforços incansáveis para vencer - pois assim, seguramente, será um vitorioso.
Lembre-se que as dificuldades passadas não surgiram para esmagá-lo e sim para fortalecer em você a decisão de usar seus ilimitados poderes divinos na busca do sucesso. Deus quer que você supere os desafios difíceis da vida e volte à Sua morada de sabedoria.

Paramamhansa Yogananda, Como Ter Coragem, Serenidade e Confiança, Ed. Pensamento, 2014, pg. 49.

O CONFLITO ENTRE DESEJO E PENSAMENTO

   


 "Este conflito pertence ao que pode ser chamado de estágio médio da evolução - aquele longo estágio que fica entre os estados do homem inteiramente governado pelo desejo, apossando-se de tudo que quer, sem ser refreado pela consciência ou perturbado pelo remorso, e o estado do homem espiritual altamente evoluído, em que vontade, sabedoria e atividade agem em harmoniosa coordenação. Surge o conflito entre desejo e o pensamento - com o pensamento começando a compreender sua relação com o não eu e os outros eus separados, e o desejo, infuenciado pelo objetos à sua volta, movendo-se por atracões e repulsões, atraído daqui para ali por objetos sedutores.(...)

    O hábito de se apossar e desfrutar foi estabelecido durante centenas de vidas, e é forte; enquanto o hábito de resistir a um prazer presente para evitar uma dor futura está apenas começando a se estabelecer, e consequentemente é muito fraco. Por isso durante muito tempo os conflitos entre o pensador e a natureza do desejo terminam numa série de derrotas. A jovem mente lutando contra o corpo do desejo maduro é constantemente derrotada. Mas cada vitória da natureza do desejo, seguida que é por um breve prazer e por uma dor prolongada, dá origem a uma nova força hostil a si mesma, que revigora a força de seu oponente. Assim, cada derrota do pensador lança a semente de sua futura vitória, e sua força cresce diariamente, enquanto diminui a força da natureza do desejo.

    Quando isso é claramente entendido não mais lamentamos nossas próprias quedas nem as quedas daqueles que amamos, pois sabemos que essas quedas estão assegurando a firme fundação do futuro, e que no ventre da dor está madurecendo o futuro conquistador.

    Nosso conhecimento do que é certo e errado crece a partir da experiência, e só é aprimorado pelas provações. O senso de certo e errado, agora inato no homem civilizado, foi desenvolvido por meio de inúmeras experiências. (...)

    Esta luta está expressa no lamento:'Faço o que não quero, não faço aquilo que quero; aquilo que não quero fazer, isso eu faço'. 'Quando quero fazer o bem, o mal está presente em mim.'  Aquilo que fazemos de errado, quando o desejo é contrário à ação, é feito pelo hábito do passado. A vontade fraca é subjugada pelo desejo forte.

    Ora, o pensador, no conflito com a natureza do desejo, chama em seu auxílio essa mesma natureza, e se esforça para despertar nela um desejo que será oposto ao desejo contra a qual está combatendo. Assim como a atração de um imã fraco pode ser vencida por um mais forte, é também possível fortalecer um desejo para sufocar o outro; o reto desejo pode ser despertado para combater o desejo errado. Eis o valor de um ideal."


Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, Brasília 2014, pgs.189/190


O VEÍCULO DO DESEJO (Parte II)

    


 "O desejo, à medida que integra em si materiais mais grosseiros, deve ser controlado pela mente, recusando-se a retratar o prazer passageiro que a posse do objeto acarretaria, mostrando a si mesma a tristeza mais duradoura que causaria. À medida que nos livramos da matéria mais grosseira que vibra em resposta às atrações mais abjetas, essas atrações perdem todo o poder de nos perturbar.

    Deve-se então tomar o veículo dos desejos pelas mãos; as atrações que chegam até nós do exterior estarão em conformidade com a sua construção. Podemos atuar sobre a forma, mudar os elementos que a compõem, e transformar o inimigo em defensor.

    Quando o homem está evoluindo em caráter, ele é, não obstante, confrontado com uma dificuldade que muitas vezes o deixa alarmado e deprimido. Ele se vê abalado pelos desejos que evita, dos quais se envorgonha; e apesar de seus tremendos esforços para deles se livrar, eles ainda se prendem a eles e o atormentam. Eles vão de encontro aos seus esforços, suas esperanças, suas aspirações, e ainda assim de algum modo parecem lhe pertencer. Essa experiência dolorosa deve-se ao fato de que a consciência evolui mais rapidaente do que a forma, e as duas estão, até certo ponto, em conflito mútuo. Ainda existe no corpo astral uma considerável quantidade de agregações grosseiras; mas à medida que os desejos se tornam mais refinados, eles não mais vivificam esses materiais. todavia, algo da antiga vitalidade aí persiste, e embora essas agregações estejam em declínio, elas ainda não se foram totalmente. (...)

    Podemos pegar o exemplo dos sonhos para mostrar essa atuação da matéria estéril no corpo astral. Um homem, numa vida anterior, foi um ébrio, e suas experiências pós-morte imprimiram nele profundamente a repulsa à bebida; ao renascer, o Ego imprimiu essa aversão aos novos corpos físico e astral. No entanto, havia no corpo astral alguma matéria atraída para aí pelas vibrações causadas no átomo permanente pela antiga embriaguez. Essa matéria não é vivificada na vida presente por nenhum anelo pela bebida, ou concessão ao hábito de beber, pelo contrário, quando desperto, o homem é sóbrio. Mas nos sonhos, essa matéria no corpo astral é estimulada à atividade a partir do exterior, e sendo fraco o controle do Ego sobre o corpo astral, essa matéria responde às vibrações pela ânsia de beber que chegou até ela, e o homem sonha que bebe. Ademais, se ainda houver no homem o desejo latente pela bebida, fraco demais para se afirmar durante a consciência de vigíia, ele pode surgir durante o sono. Pelo fato de a matéria física ser comparativamente pesada e difícil de mover, o desejo fraco não tem energia suficiente para causar vibrações nela, mas esse mesmo desejo pode mover  matéria astral muito mais leve, e assim o homem pode ser arrastado por um desejo que não tem qualquer poder sobre ele em sua consciência de vigília.

    Esses sonhos causam muita angústia porque não são compreendidos. O homem deveria compreender que o sonho mostra que a tentação foi vencida até onde lhe diga respeito, e que ele é perturbado apenas pelo cadáver dos desejos passados, vivificado de fora no plano astral, ou, se vivificado por dentro, então o será por um desejo morimbundo, fraco demais para abalá-lo em estado de vigília. O sonho é um sinal de uma vitória quase completa. Ao mesmo tempo é uma advertência; pois diz ao homem que ainda existe em seu corpo astral a matéria capaz de ser vivificada pelas vibrações do anelo da bebida, e que portanto ele não deve colocar-se durante o estado de vigília sob condições onde essas vibrações sejam abundantes. Até que tais sonhos tenham cessado inteiramente, o corpo astral não está livre da matéria que é uma fonte de perigo."

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, Brasília, 2014. pgs. 186/187




O CAMINHO DO PROGRESSO


 


"Quanto mais avançares, mais armadilhas teus pés encontrarão. O Caminho do progresso é iluminado por uma chama - a chama da audácia ardendo no coração. Quanto mais ousares, mais obterás. Quanto mais temeres, mais a luz esmorecerá - e só ela pode guiar. Porque quando cessa o último raio de Sol no cume da elevada montanha segue-se a noite escura, assim é a luz do coração. Quando se apaga, uma sombra negra e ameaçadora cairá do teu coração sobre a senda, e prenderá os teus pés ao chão de forma aterrorizante."

H. P. Blavatsky, A Voz do Silêncio, Ed. Teosófica, 2011, pg. 205/206.

O VEÍCULO DO DESEJO (Parte I)

     


    "Teremos de retornar à luta na natureza do desejo para acrescentar alguns detalhes úteis àquilo que já foi dito; mas primeiramente, é necessário estudar o veículo do desejo, o corpo do desejo ou corpo astral, já que esse estudo nos permitirá compreender o método preciso que podemos empregar para subjugarmos e nos livrarmos dos desejos inferiores.

    O veículo do desejo é composto do que é chamado "matéria astral", a matéria acima do plano físico. Essa matéria, como a física, existe em sete modificaçoes, que em relação umas às outras são como os subestados sólido, líquido, gasoso, etc., da matéria do plano físico. Assim como o corpo físico contém dentro de si os vários subestados de matéria física, o corpo astral também contém dentro de si os vários subestados da matéria astral. Cada um desses subestados têm em si agregações mais grosseiras e mais sutis, e o trabalho de purificação, tanto do astral quanto do físico consiste em substituir a matéria mais grosseira pela mais sutil.

    Ademais, os subestados inferiores de matéria astral servem principalmente para manifestar os desejos inferiores, enquanto os estados superiores vibram em resposta aos desejos que mudaram, pela mistura de mente e emocões. Os desejos inferiores, buscando objetos de prazer, descobrem que os subestados inferiores servem como meio para a sua força atrativa, e quanto mais grosseiros e mais abjetos os desejos, mais abjetas são as agregações de matéria que melhor se expressam. Como o desejo faz vibrar a matéria correspondente no corpo astral, essa matéria torna-se fortemente vitalizada e atrai a matéria nova semelhante de fora de si, e assim aumenta a quantidade dessa matéria na constituição do corpo astral. Quando os desejos são gradualmente refinados e transformados em emoções, com a entrada de elementos intelectuais, e quando diminui o egoísmo, a quantidade da matéria mais sutil aumenta de modo semelhante no corpo astral, enquanto a matéria mais grosseira, não vitalizada, perde energia e diminui em quantidade.

    A aplicação prática desses fatos ajuda-nos a enfraquecer o inimigo entronizado dentro de nós, pois podemos privá-lo de seus instrumentos. Um traidor dentro dos portões é mais perigoso do que o inimigo fora, e o corpo do desejo age como esse traidor, enquanto for composto de elementos que respondem às tentaçõe do exterior." (continua)

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, Brasília, 2014, pgs. 185/186

QUEBRANDO OS LAÇOS

 


          


    "Para romper os laços dos desejos, devemos recorrer à mente, onde jaz o poder que irá primeiramente purificar e depois transmutar o desejo.

    A mente registra os resultados que se seguem à apropriação de cada objeto do desejo, e assinala se foi dor ou felicidade que resultou da união daquele objeto atraente, descobre que a resultante foi a dor, ela registra o objeto como aquilo que deve ser evitado no futuro. (...)

    Então surge a contenda. Quando aquele objeto atraente mais uma vez se apresenta, o desejo lança seu arpão e o apanha, e começa a arrastá-lo para si. A mente, lembrando os resultados dolorosos de prévias capturas semelhantes, esforça-se para deter o desejo, para cortar com a espada do conhecimento o laço atraente. Um conflito violento assola o interior do homem; ele é arrastado pelo desejo, refreado pelo pensamento. Muitas e muitas vezes o desejo irá triunfar, e um objeto será apropriado; mas a dor resultante sempre é repetida, e cada sucesso do desejo suscitará contra ele outro inimigo nas forças da mente. De modo inevitável, embora lentamente, o pensamento mostra-se mais forte, até que finalmente a vitória lhe sorri, e chega o dia em que o desejo torna-se mais fraco do que a mente, e o obejto atraente é solto, o nó que o prendia é cortado. Para esse objeto, o laço está rompido.

    Nesse conflito, o pensamento procura utilizar contra o desejo a própria força do desejo. Ele seleciona objetos do desejo que proporcionam uma felicidade relativamente duradoura, e busca utilizar esses objetos contra os desejos que rapidamente resultam em dor. Assim ele irá opor o prazer artístico ao prazer sensual; usará a notoriedade e o poder politico ou social contra os gozos da carne; estimulará o desejo de satisfazer o bem, de fortalecer a abstenção e desejos viciosos; e finalmente fará o desejo de que a paz eterna conquiste os desejos por alegrias temporárias. Por meio da grande atração, as atrações inferiores são mortas e deixam de ser objetos do desejo. (...)

    Somente por meio do eu como pensamento pode ser dominado o eu como desejo; o Ser, compreendendo que é a própria vida, domina o eu corporificado, pensando ser a forma. O homem deve aprender a se separar dos veículos nos quais deseja, pensa e age, a concebê-los como parte do não Ser, como material externo à vida, assim, a energia que fluiu para os objetos de desejos inferiores flui para o desejo superior guiado pela mente, tornando-o preparado par ser transmutado em vontade.

    À medida que a mente inferior funde-se na superior, e a supeiror naquilo que é sabedoria, o aspecto de pura vontade emerge como o poder do Espírito, Autodeterminada, Autogovernada, em perfeita harmonia com a Vontade Suprema e, portanto, liberta. Somente então são rompidos todos os laços, e o Espírito não é reprimido por nada fora de si mesmo. Então, e somente então, pode-se dizer que a vontade é livre."

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, Brasília, 2014, pgs. 183/184

 

A NATUREZA APRISIONADORA DO DESEJO

 


"Uma vez que a vontade de viver é a causa da propulsão, a vida buscando corporificação e apropiando-se daquilo que é necessário para sua manifestação e persistência na forma, o desejo, que é a vontade num plano inferior, mostrará características semelhantes, buscando apropriar-se, atrair para si, tomar parte de si aquilo por meio do qual sua vida na forma possa ser mantida e fortalecida. Quando desejamos um objeto, buscamos torná-lo parte de nós mesmos, parte do 'eu', para que possa fazer parte da corporificação do 'eu'. O desejo é a colocação em prática do poder de atração; ele atrai o objeto para si. O que quer que desejemos, nós o atamos a nós. Pelo desejo de possuí-lo, um laço é estabelecido entre o objeto e aquele que deseja. Atamos ao Ser essa porção do não Ser; e o ele existe até que o objeto seja possuído ou até que o Ser tenha rompido o laço e repudiado o objeto. Esses são os 'laços do coração', que amarram o Ser à roda dos renascimentos e mortes.

Esses laços entre aquele que deseja e os objetos do desejo são como cordas que arrastam o Ser para o local onde os objetos do desejo são encontrados, e assim determinas seu nascimento em um ou outro mundo. (...)

A grande energia determinante, a vontade de viver, que mantém os planetas em suas órbitas em torno do sol, que evita que a matéria dos globos se disperse, que mantém unidos nossos corpos, é a energia do desejo. Aquilo que tudo governa aparece em nós como desejo, e deve atrair para nós ou atrair-nos para tudo que tenha fixado seus ganchos. O gancho do desejo fixa-se em um objeto, como o arpão lançado pelo arpoador se fixa na baleia. Quando o desejo tiver fixado seu arpão em um objeto, o Ser está preso a esse objeto, do qual se apropiou pela vontade, e logo deve apropiar-se dele em ação. (...) A coisa desejada torna-se parte do corpo do Ser; e se for nociva, deve ser extirpada a qualquer preço. De outro modo só será destruída pelo desgaste causado plelo lentro atrito do tempo e da exaustão - 'Só o forte pode matá-la. O fraco tem de esperar que ela cresça, frutifique e morra.'"

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, Brasília, 2014, págs. 181/182

A PALAVRA E O CAMINHO



 "Se pensarmos um pouco mais sobre o dom divino da fala, poderíamos ser mais conscientes no modo como a usamos. A fala é um reflexo do poder divino que está dentro de nós. É muito considerada nas Escrituras de inúmeros povos do mundo. Na Bíblia, as primeiras palavras do Evangelho de São João afirmam, que 'no princípio era o Verbo' - a fala não como nós a entendemos, mas talvez no sentido do som que traz todas as coisas à existência.

Quando João fala da vinda do Grande Intrutor, do surgimento de um Avatar, a linguagem usada é: 'E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós'. Uma compreensão clara do poder da palavra, corretamente entendida, é algo que perpassa as religiões do mundo.

Em A Doutrina Secreta, H. P. Blavatsky escreveu sobre o som e a fala: 'Pronunciar uma palavra é evocar um pensamento, e torná-lo presente: a potência magnética da fala humana é o começo de toda a manifestação no Mundo Oculto.' Blavatsky escreve a respeito da capacidade da fala de magnetizar, de atrair para si. Isso não se relaciona apenas às práticas ocultas conscientes, mas às conversas normais em que nos engajamos de momento a momento.

Na maioria das vezes usamos a fala sem sabedoria. Segundo Blavatsky, emitir uma palavra é evocar um pensamento e torná-lo presente. Toda a palavra que dizemos, seja casual ou profunda, traz um pensamento à nossa presença e à presença dos outros. Ela prossegue dizendo: 'Emitir um nome não é apens definir um ser, mas colocá-lo sob a influência de uma ou mais potências ocultas.' Assim, ao simplesmente dizermos um nome, nós nos engajamos num ato que registra a participação de 'potências' cooperativas."

Tim Boyd, A palavra eo caminho, Revista Sophia, nº 87, pág. 6.

DESEJO, PENSAMENTO, AÇÃO


"O terceiro estágio do contato do Ser com o não Ser é a ação. A mente, tendo percebido o objeto do desejo, leva à ação, orienta e molda a ação. Frequentemente se diz que a ação surge do desejo, mas o desejo sozinho poderia apenas estimular movimento ou ação caótica. A força do desejo é propulsora, não diretiva. É o pensamento que acrescenta o elemento de direção e molda a ação deliberadamente.

Desejo, pensamento e ação - este é o ciclo sempre recorrente na consciência.

A força propulsora do desejo desperta o pensamento; o poder diretivo do pensamento guia a ação. Esta sequência é invariável, e sua clara compreensão é da mais profunda importância, pois o controle efetivo de conduta depende desta comprensão e de sua aplicação na prática. A moldagem do karma só pode ser realizada quando essa sequência é compreendida, pois somente assim é possivel separar a ação evitável da inevitável.

É pelo pensamento que podemos mudar o desejo e, consequentemente, mudar a ação. Quando a mente vê que certos desejos levaram a pensamentos que direcionaram ações que foram produtoras de infelicidade, ela consegue resistir a futuros impulsos de desejo de semelhante direção, recusando-se guiar as ações para um resultado que já sabe ser desastroso. Ela pode imaginar os resultados dolorosos e assim despertar a energia repulsiva de desejo, e pode imaginar o feliz resultado dos desejos de um tipo oposto. A atividade criadora do pensamento pode ser exercida na moldagem do desejo, e sua energia propulsora pode ser guiada numa melhor direção. Desta maneira, o pensamento pode ser usado para dominar o desejo e tornar-se soberano, em vez de escravo. Assegurando assim o controle sobre seu indisciplinado companheiro, dá início à transmutação do desejo em vontade, transferindo do exterior para o interior o controle da energia que flui - dos objetos externos que atraem ou repelem para o Espírito, o governante interior."

Annie Besant, Um Estudo Sobre a Consciência, Ed. Teosófica, Brasília, 2014, pgs. 180/181

A RELAÇÃO DESEJO PENSAMENTO


 "Temos agora de considerar a relação que o desejo tem com o pensamento, e ver como ele a princípio governa e depois é governado pelo pensamento.

A Razão Pura é o reflexo do aspecto 'sabedoria' da Mônada, e aparece no Espírito humano como Buddhi. Mas não é na relação do desejo com a razão pura que estamos interessados, pois, na verdade, não se pode dizer que ele esteja diretamente relacionado à sabedoria, mas ao amor, a manifestação da sabedoria no plano astral. Devemos antes buscar a relação com o aspecto 'atividade' da Mônada, que aparece no plano astral como sensação e no mental como pensamento. Também não estamos interessados sequer na mente superior, que é atividade criativa, Manas, em sua pureza, mas em seu reflexo distorcido, a mente inferior. É essa mente inferior que está imediatamente relacionada ao desejo, e inextricavelmente entremesclada com ele na evolução humana. Na verdade, estão tão intimamente unidos que frequentemente são referidos por kâmas-manas - desejo-mente - como uma coisa única, tão raro é, na consciência inferior, um simples pensamento que não seja influenciado por um desejo. 'Manas é verdadeiramente duplo, puro e impuro; o impuro é determinado pelo desejo, o puro é livre do desejo'.

Essa mente inferior é 'pensamento' no plano mental; sua propriedade característica é que ela afirma e nega; conhece pela diferença, percebe e lembra. No plano astral, como vimos, o mesmo aspecto que no mental é pensamento aparece como sensação, e é despertado pelo contato com o mundo exterior.

Quando um prazer tiver sido experienciado e tiver se esvanecido, surge o desejo de experienciá-lo novamente, como vimos. E esse fato implica memória, que é  uma função da mente. Aqui, como sempre, somos lembrados de que a consciência está sempre agindo em sua natureza tripla, embora um ou outro aspecto possa predominar, pois mesmo o desejo mais germinal não pode pode surgir sem a memória estar presente. A sensação causada por um impacto externo deve ter sido muitas vezes despertada antes de a mente estabelecer uma relação entre a sensação de que está consciente e o objeto externo que causou a sensação. Por fim, a mente, 'percebe' o objeto, ou seja, relaciona-o a uma de suas prórpias mudanças, reconhece uma modificação em si mesma causada pelo objeto externo. As repetições dessa percepção estabelecendo um elo definitivo na memória entre o objeto e a sensação prazerosa ou dolorosa, e quando o desejo pressionar em busca da repetição e do prazer, a mente lembrará o objeto que supriu aquele prazer. Assim, a combinação de pensamento com desejo faz nascer um desejo particular, encontrar e se apropriar do objeto que causa prazer.

Esse desejo impele a mente a exercer sua atividade inerente. O anelo não satisfeito causa desconforto, e esforços são envidados para escapar do desconforto pelo provimento do objeto desejado. A mente planeja, maquina, leva o corpo à ação para satisfazer as ânsias do desejo. E similarmente, também impelida pelo desejo, a mente planeja, maquina, leva o corpo à ação para evitar a recorrência da dor causada por um objeto reconhecidamente doloroso.

Tal é a relação do desejo com o pensamento. Ela incita, estimula, incentiva esforços mentais. Em seus estágios primitivos a mente é a escrava do desejo, e a rapidez de seu crescimento é proporcional às violentas incitações do desejo. Nós desejamos, por isso somos forçados a pensar."

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed.Teosófica, Brasília, 2014, pgs. 178/180

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

 


"Na história bíblica do filho pródigo, o significado metafísico dos 'dois filhos' (Lucas 15:11) descreve os dois aspectos da alma ou consciência. O filho que permaneceu em casa é o filho religioso ou ético; o filho que seguiu para um país distante é a encarnação da alma humana em todos os prazeres dos sentidos e das paixões. Ir para um país distante é separar a consciência de sua fonte-mãe. O primeiro passo para conseguir retornar à casa do pai é o arrependimento e a confissão. Se estivéremos verdadeiramente arrependidos, o pai perdoará; ele terá compaixão, e a recompensa da mente divina será vertida sobre nós.
Quando há unidade entre o sentido externo e o espírito interno (o retorno do filho mais jovem à casa de seu pai), há muito regozijo; a vitalidade e a compreensão despertam. O 'bezerro cevado' é a riqueza da força sempre à espera da alma carente. Quando todas essas relações tiverem sido estabelecidas entre o interior e o exterior, haverá regozijo. O homem morto para os sentidos é revivido na consciência do espírito; o perdido é encontrado."

John Vorstermans, Despertando a mente-coração, Revista Sophia, pg. 34.


O DESPERTAR DO DESEJO

 



"Remetemos todas as nossas sensações ao mundo astral. Os centros por meio do qual sentimos estão no corpo astral, e as reações desses centros para estabelecer contatos dão origem a sentimentos de prazer e dor na consciência. O fisiologista comum segue o curso das sensações de prazer e dor desde o ponto de contato até o centro cerebral, reconhecendo apenas vibrações nervosas entre a periferia e o centro, e, no centro, a reação da consciência como sensações. Nós seguimos as vibrações até mais além, encontrando apenas vibrações no centro cerebral e no meio que o permeia, vendo no centro astral o local em que ocorre a reação na consciência. Quando há um deslocamento entre os corpos físico e astral, seja pela ação de clorofórmio, éter, gás hilariante ou outras drogas, o corpo físico, apesar de todo o seu aparato nervoso, se percebe como se não tivesse nervos. Os elos entre o corpo físico e o corpo de sensações são desligados, e a consciência não responde a nenhum estímulo aplicado.

O despertar do desejo ocorre nesse corpo de sensação, e segue os primeiros vagos sentimentos de prazer e dor. (...)

Da vontade de viver surge a ânsia de experienciar; e no veículo inferior essa ânsia, aparecendo como desejo, torna-se, por um lado, o anseio por experiências que façam o sentimento de vida mais vívido, e por outro, um retraimento de tudo que enfraquece e deprime. Essa atração e essa repulsão são igualmente da natureza do desejo. Tanto a atração quanto a repulsão são decorrentes do desejo; e são elas as duas grandes energias motrizes na vida, nas quais todos os desejos são afinal convertidos. O Ser torna-se escravo do desejo, da atração-repulsão, e é atraído daqui para ali, repelido disto ou daquilo, precipitado entre os objetos que causam prazer e os que causam dor, como um navio desgorvernado em meio às correntes de ar e mar."

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, 2014, pgs. 176/178


QUANDO VOCÊ DISSER 'NÃO' À TENTAÇÃO, MANTENHA A PALAVRA

 


"Quando você diz 'não' à tentação, precisa manter a palavra. Não ceda. O covarde de caráter débil diz 'sim' o tempo todo. Mas as grandes mentes estão cheias de 'não' às tentações. Os de vontade fraca se tornam capachos, onde todos pisam e limpam os pés - e bem que merecem esse tratamento, por cederem à própria fraqueza. Lembre que a tentação pode aparentemente oferecer algo muito agradável no início mas leva à ansiedade de se estar sempre buscando algo diferente, sempre buscando novas emoções. Resistir à tentação não significa negar-se todos os prazeres da vida, e sim ter controle total do que se quer fazer. Estou mostrando o caminho da verdadeira liberdade, e não o falso senso de liberdade que o obriga a fazer o que os hábitos sugerem."

Paramahansa Yogananda, O Romance com Deus, Self-Realization Fellowship, p. 332.




O MUNDO INVISÍVEL

 



"Um dos objetivos do trabalho teosófico é mostrar a importância do invisível - enquanto demolimos as supersições a seu respeito, que têm raízes no falso conhecimento. A ausência do verdadeiro conhecimento causa danos. A ignorância é ruim, mas o falso conhecimento é pior.

Como a pessoa começa a adquirir um correto conhecimento consigo mesma?  O que ela é? Apenas um corpo de carne e sangue? O que é a mente? Qual é a relação entre cérebro e mente? O que são as emoções? De onde vêm a depressão e a alegria, a torpeza e a magnanimidade? Como se pode vencer o ciúme e desenvolver a gentileza? Já que o dinheiro não pode comprar a paz da mente, o que pode proporcioná-la? Se a agitação emocional afasta o sono, o que pode ser invocado para abençoar aquele que está agitado e trazer a calma e repouso? Aqui estão alguns dos aspectos do invisível que nos tocam até a medula; é com eles que a pessoa deve começar.

Antigamente a religião não era uma matéria de fé cega; buscava-se o conhecimento da religião, e os homens pios a ensinavam de inúmeras maneiras diferentes. Os antigos textos religiosos indicavam que existia um conhecimento inestimável. (...)

Este conhecimento pode ser encontrado na Religião-Sabedoria dos antigos; para o mundo moderno ele está disponível através da teosofia - a religião científica, a ciência religiosa. Nos autênticos livros teosóficos, homens e mulheres encontraram informação diponivel a respeito do espírito, da alma, do corpo; a respeito de seus humores causada por egoísmo inflado. (...) Somente as verdades fundamentais da genuína ciência da alma podem ajudar a evolução do ser humano e o desabrochar da visão espiritual. Poderes espirituais e  divinos estão adormecidos em cada pessoa; quanto maior o alcance de sua visão espiritual, mais poderoso será o deus dentro dela."

D. P. Sabnis, O Mundo Invisível, Revista Sophia, nº 86, pgs. 5/7

A VONTADE DE VIVER



 "É para o estudo da Vontade - que aparece como vontade no plano superior e como desejo no inferior - que estamos agora voltando a nossa atenção; e o estudo do desejo leva-nos ao estudo da emoção, indissoluvelmente ligada a ele. Já vimos que estamos aqui porque quisemos viver nos mundos inferiores, que a vontade determina nossa permanência aqui. Mas a natureza, o poder e o trabalho da vontade são em grande parte muito pouco compreendidos, pois nos estágios primitivos da evolução ela não se manifesta nos planos inferiores a não ser como desejo, e deve ser estudada como desejo antes que possamos compreendê-la como vontade.

Vontade é o poder por trás da cognição que estimula a atividade. O pensamento é a atividade criativa, mas a vontade é a força motriz. Nossos corpos são como são porque o Ser, durante incontáveis idades, quis que a matéria fosse moldada em formas por meio das quais pudesse conhecer e energizar tudo fora de si mesmo. (...)

Este é o segredo, a força motriz da evolução. É verdade que a grande Vontade traça a estrada da evolução. É verdade que inteligências espirituais de muitas gradações guiam as entidades em evolução ao longo dessa estrada."

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Editora Teosófica, 2014, pgs. 171/173

A NATUREZA DA MEMÓRIA - (CONCLUSÃO)



LEMBRANÇA E ESQUECIMENTO

"Apliquemos isso a um evento em nossa vida passada. Algumas das circunstâncias 'permanecem em nossa memória', outras são 'esquecidas'. Na verdade, o evento existe com todas as circunstâncias circundantes, igualmente 'lembradas' e 'esquecidas', em apenas um estado - a memória do Logos, a Memória Universal. Qualquer um que seja capaz de se colocar em contato com essa memória pode recuperar toda a circunstância na medida de sua capacidade; os eventos pelos quais passamos não são nossos, mas fazem parte do conteúdo de Sua consciência; e o senso de propriedade que temos deles é devido apenas ao fato de que previamente havíamos vibrado com relação a eles, e portanto vibramos mais facilmente do que se estivéssesmos contatando pela primeira vez.

Podemos, no entanto, contatá-los de diferentes vestes em diferentes momentos, vivendo como vivemos  sob as condições do tempo e espaço que variam com cada veste. A parte da consciência do Logos através da qual nos movemos em nosso corpos físicos é muito mais restrita do que aquela através da qual nos movemos em nossos corpos astral e mental, e os contato através de um corpo bem organizado são muito mais vívidos do que os experienciados através de um veículo menos organizado.(...)

Então, a recuperação de qualquer coisa pela memória deve-se à eterna existência de tudo na consciência do Logos; e ele nos impôs as limitações de tempo e espaço para que possamos, pela prática, capacitar-nos a responder rapidamente, por meio de mudança na consciência, às vibrações causadas em nossos veículos pela vibrações oriundas de outros veículos similarmente animados pela consciência."

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, 2014, pgs. 162/165

A COBIÇA, A IRA E A TOLICE

 


"A cobiça surge da errônea ideia a respeito da satisfação; a ira surge do estado insatisfatório dos negócios ou circunstâncias; a tolice advém da inabilidade de julgar qual é a conduta correta.
Esta tríade - a cobiça, a ira e a tolice - é chamada de os três fogos do mundo. O fogo da cobiça consome aqueles que perderam suas verdadeiras mentes na avidez; o fogo da ira consome aqueles que as perderam no ódio; o fogo da tolice consome aqueles que perderam suas verdadeiras mentes no insucesso em ouvir ou atender aos ensinamento de Buda. 
Na verdade, este mundo está se incendiando com seus variados fogos. Há fogos da cobiça, fogos do ódio, da tolice, da desenfreada paixão e do egoísmo, fogos da decrepitude, da doença e da morte, fogos da tristeza, da lamentação, do sofrimento e da agonia. Em toda partem, estes fogos se alastram. Estes fogos das paixões mundanas não somente queimam o ego, mas também induzem a outrem a sofrer e o levam a perpetrar atos errados do corpo, da fala e da mente. Das feridas causadas por estes fogos emana o pus que infecta e envenena aqueles em que toca e os leva aos maus caminhos.

A Doutrina de Buda, Bukkyo Dendo Kyokai, Terceira edição revista, 1982, pg. 163/165.

A NATUREZA DA MEMÓRIA (IV PARTE)

 



"Ora, tendo notado nos veículos mudanças que surgem de impactos do mundo externo, a resposta a esses impactos como mudanças na consciência, as vibrações mais débeis produzidas nos veículos pela reação da consciência, e novamente o reconhecimento pela consciência como memórias, chegamos ao ponto crucial da questão o que é a memória? A dissolução dos corpos entre a morte e a rencarnação põe fim ao seu automatismo, seu poder de responder a vibrações semelhantes àquelas já experienciadas; os grupos responsivos são desintegrados, e tudo o que permanece como semente para respostas futuras é armazenado no interior dos átomos permanentes. O quão insignificante é isso - quando comparado aos novos automatismos impostos sobre a massa dos corpos pelas novas experiências do mundo externo - pode ser julgado pela ausência de qualquer memória de vidas passadas  inicadas nos próprios veículos. Aliás, tudo que os átomos permanentes podem fazer é responder com maior rapidez às vibrações de um tipo semelhante às já previamente experienciadas do que as que chegam pela primeira vez. A memória das células, ou de grupos de células, perece na morte, e não se pode dizer que seja recuperável como tal. Onde, então é preservada a memória?

A resposta sumária é: a memória não é uma faculdade, e não é preservada; ela não é inerente à consciência como uma capacidade, nem é qualquer memória de eventos armazenada na consciência individual. Todo evento é um fato presente na consciência universal, na consciência do Logos; tudo que ocorre em seu universo, passado, presente, futuro, está sempre em sua consciência oniabarcante, no 'Eterno Agora'. Do início ao fim do universo, de sua aurora ao acaso, tudo está aí, sempre presente, sempre existente. Nesse oceano de ideias, tudo É; nós, errantes no oceano, tocamos fragmentos de seu conteúdo, e nossa resposta ao contato é nosso conhecimento.Tendo conhecido, podemos mais facilmente contatar novamente; e essa repetição - quando não resulta do contato da veste externa do momento com os fragmentos ocupando seu próprio plano - é memória. Todas as 'memórias' são recuperáveis porque todas as possibilidades de vibrações produtoras de imagens estão dentro da consciência do Logos, e podemos compartilhar dessa consciência com maior facilidade quando anteriormente tivemos compartilhado com maior frequência de vibrações semelhantes. Por isso, as vibrações que faziam parte de nossa experiência são mais facilmente repetidas por nós do que aquelas que jamais conhecemos; e aqui entra o valor dos átomos permanentes. Ao serem estimulados, eles reproduzem as vibrações previamente experimentadas (...) quer seja uma memória de vida presente ou uma vida há muito passada, o método de recuperação é o mesmo. Não existe memória senão   a sempre  consciência do Logos, em quem literalmente vivemos, nos movemos e temos o nosso ser; e nossa memória é simplesmente colocarmo-nos em contato com as partes de Sua consciência que previmente experienciamos. 

Consequentemente, segundo Pitágoras, todo aprendizado é lembrança, pois é o retirar da consciência do Logos para o Ser separado aquilo que em nossa unidade essencial com ele é eternamente nosso. Nos planos inferiores, onde a separatividade oculta a unidade, somos afastados da unidade por nossos veículos imperfeitos. Portanto, não podemos melhorar diretamente nossa memória; só podemos melhorar a nossa receptividade geral e o poder de reproduzir, tornando nossos corpos mais sensíveis. (...)" (continua no dia 11/11/20)


Anie Besant, um Estudo sobre a Consciência, Ed.Teosófica, 2014, pgs. 157/159

A NATUREZA DA MEMÓRIA (III PARTE)

 


 

"Tentemos captar essa coisa complexa após ela ter entrado e causado uma mudança na consciência, uma ideia. A mudança que causou dá origens a novas vibrações nos veículos, reproduzindo aquelas vibrações que causou ao entrar, e em cada veículo ela reaparece de forma débil. Ela não é forte, vigorosa e vívida, como quando suas partes componentes foram transmitidas do fisico ao astral, e do astral ao mental; ela reaparece no mental sob uma forma mais tênue, a cópia daquilo que o mental enviou para dentro, mas as vibrações são mais débeis. Quando o Ser dela recebe uma reação - pois o impacto de uma vibração ao tocar cada veículo deve causar uma reação -, essa reação é muito mais débil do que a ação original, e portanto parecerá menos 'real' do que aquela ação; ela cria uma mudança menor na consciência, e essa diminuição representa inevitavelmente uma 'realidade' menor.

Enquanto a consciência for muito pouco responsiva para estar perceptiva de quaisquer impactos que não venham com vigor impulsivo do físico, ela está literalmente mais em contato com a veste física do que com qualquer outra veste, e não haverá memórias de ideias, mas apenas memórias de percepções, ou seja, de quadros de objetos externos, causados pelas vibrações da matéria nervosa do cérebro, reproduzindo-se na matéria astral e mental relacionadas. Literalmente, são quadros na matéria mental, como o são os quadros na retina do olho. E a consciência percebe esses quadros, 'olha-os', como podemos verdadeiramente dizer, uma vez que a visão do olho é apenas uma expressão limitada do seu poder perceptivo. Quando a consciência afasta-se um pouco do físico, voltando a atenção mais para as modificações em suas vestes internas, ela vê esses quadros reproduzidos no cérebro a partir da veste astral por sua própria reação de dentro para fora, resultando daí a memória das sensações. O quadro surge no cérebro pela criação da mudança da consciência, e aí é reconhecido. Esse reconhecimento implica que a consciência afastou-se muito do veículo físico para o astral onde está atuando.

A consciência humana atua assim ainda hoje em dia, e portanto está cheia de memórias, que são reproduções no cérebro físico de imagens passadas, causadas por reações da consciência. Num tipo humano um pouco desenvolvido, esses quadros são quadros de eventos passados relacionados ao corpo físico, memórias de fome, de sede e de sua gratificação, de prazeres sexuais, etc., coisas nas quais o corpo físico tomou parte ativa. Num tipo superior, no qual a consciência esteja funcionando mais no veículo mental, os quadros do corpo astral atrairão mais sua atenção; esses quadros são moldados no corpo astral por vibrações oriundas do corpo mental, e são percebidos como quadros pela consciência quando se recolhe mais para o interior do corpo mental como veículo imediato. (...)

    Observemos, de passagem, que a memória do objeto segue de mãos dadas com um quadro de renovação da experiência mais intensa do objeto pelo contato físico, e a isto chamamos antecipação; e quanto mais completa a memória de um evento, mais completa é a sua antecipação. De modo que a memória às vezes irá até mesmo causar no corpo físico as reações que normalmente acompanham o contato com o objeto externo, e podemos saborear com antecipação os prazeres que atualmente não estão ao alcance do corpo. Assim, a antecipação de um alimento saboroso dará 'água na boca'."

(continua dia 06/11/21)

Anie Besant, um Estudo sobre a Consciência, Ed.Teosófica, 2014, pgs. 157/159


EXPLORAR É SER EXPLORADO

 

"Como a maioria de nós busca o poder de uma forma ou de outra, o princípio hierárquico é estabelecido - o noviço e o iniciado, o pupilo e o Mestre... e até entre os Mestres há graus de crescimento espiritual. A maioria de nós adora explorar e ser explorado, e esse sistema oferece os meios, sejam eles ocultos ou explícitos.
Explorar é ser explorado. O desejo de usar os outros para suas necessidades psicológicas cria dependência, e quando dependemos precisamos reter, possuir; e o que possuímos nos possui. Sem a dependência - sutil ou flagrante -, sem possuir coisas - pessoas e ideias -, somos vazios, uma coisa sem importância. Queremos ser algo, e para evitar o medo torturante de ser nada pertencemos a essa ou àquela organização, a essa ou àquela ideologia, a essa igreja ou àquele templo. Então somos explorados e, consequentemente, também exploramos."

Krishnamurti, O Livro da Vida, Ed. Planeta do Brasil, São Paulo, pg. 84.


A NATUREZA DA MEMÓRIA (II PARTE)



    "Vejamos agora o que acontece com relação ao veículo físico na recepção de uma impressão e da subsequente revocação dessa impressão, ou seja, na rememoração.

    Uma vibração oriunda do exterior atinge um órgão dos sentidos e é transmitida para o centro apropriado no cérebro, onde um grupo de células vibra; essa vibração as deixa num estado um tanto diferente daquele no qual estavam antes da recepção. O rastro dessa resposta é uma possibilidade para um grupo de células; outrora elas vibraram de uma maneira particular e, como grupo de células, retêm pelo resto de sua existência a possibilidade de novamente vibrar da mesma maneira sem mais uma vez receber um estímulo do mundo exterior. Cada repetição de uma vibração idêntica fortalece essa possibilidade, cada uma deixando seu próprio traço, mas serão necessárias muitas dessas repetições para estabelecer uma repetição autoiniciada. - as células aproximam-se mais dessa possibilidade de uma vibração autoiniciada por meio de cada repetição impelida do exterior. No entanto, essa vibração não cessou nas células físicas; ela foi transmitida para o interior, para a célula correspondente ou grupo de células dos veículos mais sutis, e por fim produziu uma mudança na consciência. Essa mudança, por sua vez, reage sobre as células, e uma repetição das vibrações é iniciada a partir do interior pela mudança na consciência; essa repetição é uma memória do objeto que deu início à série de vibrações. A resposta das células à vibração exterior, uma resposta imposta pelas leis do universo físico, dá às células o poder de responder a um impulso semelhante, embora mais faco, vindo do interior. Um pouco de energia é consumida em cada movimento da matéria num novo veículo, acarretando uma diminuição gradual da energia na vibração. Cada vez menos energia é consumida à medida que as células repetem vibrações semelhantes em resposta a novos impactos oriundos do exterior, e as células respondem mais prontamente a cada repetição. É nisso que está o valor do 'fora'; ele, mais facilmente do que qualquer outro meio, desperta na matéria a possibilidade de resposta, estando mais intimamwnte aparentado aos veículos do que o 'dentro'.

    A mudança causada na consciência também a deixa mais preparada para repetir a mudança do que na primeira vez, e cada uma dessas mudanças aproxima mais a consciência do poder de iniciar alterações semelhantes. (...) Devemos também lembrar que cada impacto, alcançando a veste mais recôndita e dando origem a uma mudança na consciência, é seguido de uma reação, a mudança na consciência causando uma nova série de vibrações de dentro para fora. Há a entrada até o Ser, seguida da saído do Ser. A primeira deve-se ao objeto que dá origem ao que chamamos de percepção; e a segunda deve-se à reação do Ser, causando o que chamamos de memória.

    Vária impressões sensoriais, chegando através da visão, audição, tato, paladar e olfato, são transmitidas do veículo físico através do astral até o mental. Aí elas são coordenadas numa unidade complexa, como um acorde musical é composto de muitas notas. Esse é o trabalho especial do corpo mental -  ele recebe muitas correntes e as sintetiza em uma; ele transforma muitas impressões em uma percepção, um pensamento, uma unidade complexa."  (continua dia 04.11.20)


 Anie Besant, um Estudo sobre a Consciência, Ed.Teosófica, 2014, pgs.

A NATUREZA DA MEMÓRIA (I PARTE)

 


    "O que é memória? E como ela atua? Por que meio recuperamos o passado, seja ele recente ou remoto? Pois afinal, quer o passado seja próximo ou remoto, pertence a esta vida ou a uma vida anterior, os meios que governam sua recuperação devem ser os mesmos, e precisamos de uma teoria que inclua todos os casos de memória, e ao mesmo tempo nos permita compreender cada caso particular. (...)

    A questão dos veículos, ou corpos, nos quais atua a consciência, o Ser, é de extrema importância no que diz respeito à memória.Todo o processo de recuperar os eventos mais ou menos remotos é uma questão de retratá-los na veste particular - de moldar parte da matéria da veste à sua semelhança - em que a consciência está trabalhando no momento.

    No início de um sistema solar, não encontramos no átomo uma ilimitada variedade de vibrações, mas sabemos que ele possui a capacidade de adquiri-las, no transcurso de sua evolução, à medida que responda continuamente às vibrações agindo sobre a sua superfície. Ao final de um sistema solar, um número imenso de átomos terá alcançado o estágio de evolução no qual conseguirão vibrar em resposta a qualquer vibração que chegue até eles e tenha origem dentro do sistema; então, para esse sistema, diz-se que esses átomos são perfeitos.

   À medida que o Ser se veste com veículo após veículo de matéria - sua faculdade para adquirir conhecimento -, torna-se, cada veículo adicional, mais circunscrito, mas também mais definido. Ao chegar ao plano físico, a consciência fica restrita às experiências que podem ser recebidas através do corpo físico, e principalmente através dessas aberturas que chamamos órgãos dos sentidos, que são avenidas através das quais o conhecimento pode chegar ao aprisionado Ser, embora muitas vezes nos refiramos a eles como bloqueadores do conhecimento, quando pensamos nas capacidades do veículo mais sutil. O corpo físico torna a percepção definitiva e clara, tal como um abajur com um diminuto orifício permite que um quadro do mundo externo apareça sobre a parede, que de outro modo nada mostraria sobre sua superfície; os raios de luz são verdadeiramente excluídos da parede, mas, devido a essa mesma exclusão, aqueles que passam pelo orifício formam um quadro claramente definido." (continua dia 30.10.20)

Anie Besant, um Estudo sobre a Consciência, Ed.Teosófica, 2014, pgs.153/156

A AÇÃO DOS OPOSTOS E O EQUILÍBRIO

 


"As plantas pereceriam em seu primeiro estágio de existência se permanecessem expostas à luz solar constante; a alternância de noite e dia é essencial para seu crescimento e desenvolvimento saudáveis. A Bondade, de modo semelhante, rapidamente deixaria de sê-lo se não fosse alternada a seu oposto. Na natureza humana, o mal demonstra o antagonismo da matéria ao Espírito, e cada um deles é por esse meio purificado de maneira apropriada. No cosmos, o equilíbrio deve ser preservado; a atividade dos dois oponentes produz harmonia, como as forças centrípeta e centrífuga, sendo cada uma necessária à outra. Se uma for impedida, a ação da outra imediatamente será destrutiva."


H. P. Blavatsky, Momentos de Sabedoria, Editora Teosófica, Brasília, pg. 92/93.


O CORPO PITUITÁRIO E A GLÂNDULA PINEAL ( conclusão)




    "Embora o centro de atividade resida nos princípios dominantes do homem, a ligação dos chakras com o corpo físico deve ser feita, como foi dito, a partir do plano físico. O objetivo dessa ligação não é tornar o veículo astral um transmissor mais eficaz das energias do Homem Espiritual ao corpo físico, mas permitir que o veículo astral esteja em pleno contato com o físico. Pode haver diferentes centros de atividade na construção de veículos transmissores, mas é necessário comecar a partir do plano físico, para trazer os resultados das atividades dos corpos funcionando em outros planos interior da consciência de vigília. Daí a grande importância da pureza física na alimentação e em outros aspectos.

    As pessoas frequentemente perguntam: como o conhecimento obtido nos planos superiores chega ao cérebro, e por que não é acompanhado pela memória das circunstâncias sob as quais foi adquirido? Qualquer um que pratique meditação regularmente sabe que muito do conhecimento que não obteve através do estudo no plano físico aparece no cérebro. De onde ele vem? Vem do plano astral ou mental, onde foi adquirido, e chega ao cérebro de maneira comum acima descrita; a consciência assimilou-o diretamente no plano mental ou chegou até ele a partir do astral, e envia para baixo ondas mentais como de costume. Pode ter sido comunicado por alguma entidade no plano superior, que atuou diretamente no corpo mental. 

    Mas as circunstâncias da comunicação podem não ser lembradas, por uma das razões ou por ambas. A maioria das pessoas não está 'desperta', como é tecnicamente denominado, nos planos astral e mental; isto é, suas faculdades estão voltadas para dentro, estão ocupadas com os processos mentais e as emoções, e não estão engajadas na obsevação dos fenômenos externos desses planos. Elas podem ser muito receptivas, e seus corpos astral e mental podem facilmente ser postos a vibrar; a vibração transporta o conhecimento que é assim obtido, mas a atenção delas não está voltada para a pessoa que está fazendo a comunicação. À medida que a evolução prossegue, as pessoas tornam-se cada vez mais receptivas nos planos astral e mental, mas não se tornam, em consequência disso, percepetivas do que há ao seu redor.

    A outra razão para a falta da memória é a ausência dos elos com o sistema simpático acima mencionados. A pessoa pode estar 'desperta' no plano astral e funcionando ativamente nele, e pode estar vividamente consciente de seus arredores. Mas se os elos entre os sitemas astral e físico não estiverem estabelecidos ou vivificados, há uma ruptura na consciência. Por mais vívida que possa ser a consciência no plano astral, até que esses elos estejam funcionando, ela não consegue trazer a memória das experiências astrais e impimi-las no cerébro físico. Além desses elos, deve haver o funcionamento ativo do corpo pituitário, que foca as vibrações astrais tal qual uma lente convergente foca os raios do Sol. Uma série de vibrações astrais é atraída e lançada sobre um ponto particular, e com as vibrações assim estabelecidas na matéria física densa, sua ulterior propagação torna-se fácil.Tudo isso é necessário para 'recordar-se'. "


 Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, pg 150/151

O CORPO PITUITÁRIO E A GLÂNDULA PINEAL ( II -PARTE)

     "Retornando ao segundo dos dois corpos acima mencionados, o corpo pituitário, acredita-se que ele tenha se desenvolvido a partir de uma boca primitiva, ligada diretamente ao tubo digestivo dos invertebrados. Ele deixou de funcionar como boca nos vertebrados e tornou-se um órgão rudimentar, mas reteve uma função peculiar em conexão com o crescimento do corpo. Ele está ativo durante o período normal de crescimento físico, e quanto mais ativamente funciona, maior o crescimento do corpo. Descobriu-se que este órgão está peculiarmente ativo nos gigantes. Ademais, o corpo pituitários às vezes começa a funcionar na idade adulta, quando a estrutura óssea do corpo está consolidada, e então causa crescimento anormal e monstruoso das extremidades do corpo, mãos, pés, nariz, etc., desfigurando as pessoas horrivelmente.    Quando o sistema cérebro-espinhal tornou-se dominante, a antiga função desses dois corpos desapareceu; mas assim como esses órgãos têm um passado, têm também um futuro. O passado esteve ligado ao sistema simpático; o futuro está ligado ao sistema cerébro-espinhal. À proporção que a evolução continua, e os chakras do corpo astral são vivificados, o corpo pituitário torna-se o órgão físico para a clarividência astral, e posteriormente para a mental. (...)    

    A glândula pineal liga-se a um dos chakras do corpo astral - e através dele ao mental - e serve como órgão físico para transmissão de um cérebro a outro. Nessa transmissão, o pensamento pode ser passado de mente para mente, sendo a matéria mental usada como meio para a transferência; ou pode ser enviado para baixo, ao cerébro físico, e por meio da glândula pineal ser enviado, via éter físico, à glândula pineal de outro cerébro, alcançando a consciência receptora. (continua...)

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, pg 149/150


    

O CORPO PITUITÁRIO E A GLÂNDULA PINEAL ( I PARTE)

 


    "Existem dois corpos no cérebro especialmente ligados ao sistema simpático em seu prelúdio, embora sejam agora parte do sistema cérebro-espinhal - a glândula pineal e o corpo pituitário. Eles ilustram a maneira como uma parte do corpo pode funcionar de um modo em um estágio anterior, podendo perder depois um pouco de seu uso especial e de sua função, e num estágio posterior de evolução pode novamente ser estimulado por um tipo superior de vida, que lhe dará novo uso e função num estágio adiantado de evolução.
    O desenvolvimento desses corpos pertence ao reino invertebrado e não ao vertebrado, e o 'terceiro olho' é chamado pelos biólogos de 'olho invertebrado'. (...) Esse terceiro olho esteve funcionando entre os lemurianos de maneira vaga e geral, característica dos estágios inferiores de evolução e especialmente característica do sistema simpático. À medida que o nosso homem progrediu da Raça Lemuriana para a Atlante o terceiro olho deixou de funcionar, o cérebro desenvolveu-se em torno dele, e ele se tornou um apêndice agora chamado de 'glândula pineal'. Como lemuriano ele fora psíquico, o sistema simpático sendo grandemente afetado pelos surtos do corpo astral não desenvolvido. Como atlante ele gradualmente perdeu seus poderes psíquicos, quando o sistema simpático se tornou subordinado e o cérebro-espinhal se fortaleceu.
    O crescimento do sistema cérebro-espinal foi mais rápido no atlante do que naqueles de outros temperamentos, porque a principal atividade acontecia na mente concreta, e assim a estimulava e a moldava; o corpo astral perdeu sua predominância mais cedo e tornou-se mais rapidamente um transmissor de impulsos mentais ao cerébro. Daí quando nosso homem passou para a Quinta Raça, ele estava peculiarmente pronto para levar vantagem dessa característica; ele construiu um cérebro grande e bem proporcionado, utilizou seu corpo astral principalmente como transmissor, e construiu seus chakras a partir do plano mental."

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, pg 148/149