LIBERDADE DE OPOSTOS




"A expressão ‘Caminho do Meio’, usada nos ensinamentos budistas, foi interpretada como um caminho da vida que evita os excessos do ascetismo e da automortificação de um lado, e a indulgência na busca de prazeres na luxúria, de outro. Possivelmente Buda referiu-se às condições que havia na Índia no Seu tempo e usou a expressão principalmente com referência a elas. Mas ela é susceptível de um significado muito mais amplo. Os extremos mencionados representam um par de opostos. O Gitᾱ menciona outros e fala no transcender de todos os pares de opostos. Cada oposto em qualquer par realmente produz o outro. Este fato é destacado por Platão em um dos Diálogos. Uma pessoa que irá a um extremo, após algum tempo, tenderá a deslocar-se ao extremo oposto. A partir de uma ação violenta, que com certeza experimentar-se-á, surgirá uma repercussão que levará na direção oposta. Com efeito, cada oposto sutilmente oculta a natureza do outro.
Tomemos um exemplo: o tipo de coragem que é induzido na pessoa pela autossugestão ou pela simulação de um semblante exageradamente destemido, realmente constitui uma máscara de medo, no seu íntimo você se reveste de ares que sugerem o oposto do medo. Essa coragem aparente não dura muito."


(N. Sri Ram - Em busca da Sabedoria – Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p.32/33)