VERDADE OU IMAGEM DA VERDADE?




"Viver uma vida de verdade não consiste meramente em falar a verdade. Pretender ser aquilo que não somos é tão corruptivo quanto a inverdade no discurso. Em nosso coração precisa reinar o amor genuíno pela verdade. Somente podemos ser integralmente verdadeiros se valorizarmos a verdade e atribuirmos importância a ela em nossa vida e pensamento, ou então precisamos estar tão plenos de amor que não podemos nutrir o menor desejo de enganar. Quando vivemos uma vida de verdade, começamos a amar o próprio sentimento de sermos verdadeiros, e toda a nossa natureza assume uma forma que se harmoniza com a verdadeira natureza das coisas. O mero conhecimento não criará esta harmonia. O amor pelo conhecimento não é o mesmo que o amor pela verdade, sem a qual não há possibilidade de sabedoria.
Esta é a era da propaganda para diferentes finalidades. A tentativa da propaganda é sempre a de construir uma imagem atraente. A palavra 'imagem'  está muito em voga atualmente, porque as pessoas se preocupam não com a verdade, mas com o êxito e a imagem que está sendo apresentada. Existe uma tentativa para criar uma imagem da própria pessoa ou de outros, seja como presidente, líder, instrutor religioso, candidato, etc. Também é criada uma imagem dos produtos para que as pessoas os adquiram. Todos os especialistas em pubicidade buscam criar na mente dos leitores de jornais e revistas, ou através da televisão e cartazes uma imagem que fará com que as pessoas se deixem levar pelos objetos que estão sendo anunciados. Mas a imagem é apenas um fantasma, uma aparência, e a menos que ela reflita o que realmente é, a atração criada será uma atração falsa.
Se a humanidade, ou qualquer parte dela, tiver de progredir em qualquer medida real, isto apenas poderá ser feito por uma mudança verdadeira, através de forças que geram melhoria nas mentes das pessoas, nos seus gostos, nas suas visões, valores e comportamentos, e não através de criação de ilusões prazeirosas e atribuições de virtudes imaginárias a homens ou objetos, seja para lucro, para fins tirânicos ou de glória. (...)"


(N. Sri Ram - Em Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 25/27)