A ILUSÃO DO EGO (1ª Parte)

 



  “O conflito e a violência na sociedade surgem do conflito e da violência na nossa consciência. E o conflito e a violência interior surgem dos processos do ego. Mas o que é esse ego? Ele existe de fato, como uma realidade na natureza, ou será uma ilusão, no sentido de que apenas uma criação da nossa imaginação?

Essa é uma pergunta importante, porque se o ego existe na natureza, não será possível eliminá-lo. Porém, se estiver baseado em prerrogativas que existem apenas na nossa imaginação, o ego é comparável aos contos de fadas, que podem estar num livro, mas não são reais. Se o ego for algo que existe de fato, no mundo natural, resta-nos apenas aprender a lidar com ele e com os problemas que cria.

Será possível dissolver o ego, por meio da compreensão do processo pelo qual ele é formado, de modo que possamos gerenciá-lo? Acredito que a liberdade é algo totalmente diferente do gerenciamento ou do refinamento do ego. Uma pessoa altamente sofisticada e bem educada expressa seu ego de maneira diferente de uma pessoa pouco educada. Internamente, porém, não há muita diferença entre ambas. Por outro lado, existe uma enorme diferença entre uma pessoa que está livre do ego e uma pessoa presa a ele.

Será o ego uma ilusão criada pela nossa mente? Qualquer pessoa pode observar por si só que não existem egos em lugar algum da natureza, a não ser na consciência humana. Os animais podem ser violentos até certo ponto, mas não possuem um ego. Eles não são violentos de maneira intencional e deliberada. A criança, quando nasce, é como um animal; não possui ego, porque ainda não tem capacidade de pensar e imaginar.”

P. Krishna, A ilusão do ego, Revista Sophia, Ano 4, Nº 13, p. 41