A ILUSÃO DO EGO (3ª Parte)

 



“No Bhagavad-Gita há um diálogo interessante entre Arjuna e Krishna: ‘Como é um homem iluminado? Como ele dorme, como trabalha, como vive?’, pergunta Arjuna, e Krishna diz: ‘ele vive, trabalha e dorme como um homem comum, mas não pelas mesmas razões.’ O processo do ego não é uma questão do que se está fazendo, mas de como se aborda o fazer e o não fazer.

Isso não é altamente filosófico nem de difícil compreensão. Ensinamos as crianças a jogar um jogo pela alegria de jogar, e a se aprimorar no jogo pelo amor ao aprimoramento; ensinamos a não dar muita importância ao resultado, a quem ganha ou perde. Se damos importância ao resultado, a atividade torna-se egoísta. Se não formos egoístas, então não importa quem ganha ou perde. Existe a alegria de ter jogado, a alegria de cumprimentar um amigo por ter jogado melhor e vencido. Não há frustração. Esse é o espírito do esportista.

(...)

É uma ilusão pensar que o autointeresse age em favor no nosso próprio interesse. Estamos definindo a vantagem de maneira muito mesquinha e pouco inteligente. Não estamos separados de outras pessoas; portanto, o que consideramos ser um beneficio na realidade não é.

Se percebermos a verdade disso e os perigos do processo do ego (percebemos de verdade, não por meio de uma explicação ou como uma conclusão racional), essa percepção do perigo agirá sobre a consciência e eliminará o processo do ego. Apenas querer fazê-lo não traz resultado. Concordar também não ajuda, porque conhecimento e ideias não mudam a consciência. Mas uma percepção profunda da verdade muda, e todos nós temos capacidade para esse insight.” (...)

P. Krishna, A ilusão do ego, Revista Sophia, Ano 4, Nº 13, p. 43