O VEÍCULO DO DESEJO (Parte I)

     


    "Teremos de retornar à luta na natureza do desejo para acrescentar alguns detalhes úteis àquilo que já foi dito; mas primeiramente, é necessário estudar o veículo do desejo, o corpo do desejo ou corpo astral, já que esse estudo nos permitirá compreender o método preciso que podemos empregar para subjugarmos e nos livrarmos dos desejos inferiores.

    O veículo do desejo é composto do que é chamado "matéria astral", a matéria acima do plano físico. Essa matéria, como a física, existe em sete modificaçoes, que em relação umas às outras são como os subestados sólido, líquido, gasoso, etc., da matéria do plano físico. Assim como o corpo físico contém dentro de si os vários subestados de matéria física, o corpo astral também contém dentro de si os vários subestados da matéria astral. Cada um desses subestados têm em si agregações mais grosseiras e mais sutis, e o trabalho de purificação, tanto do astral quanto do físico consiste em substituir a matéria mais grosseira pela mais sutil.

    Ademais, os subestados inferiores de matéria astral servem principalmente para manifestar os desejos inferiores, enquanto os estados superiores vibram em resposta aos desejos que mudaram, pela mistura de mente e emocões. Os desejos inferiores, buscando objetos de prazer, descobrem que os subestados inferiores servem como meio para a sua força atrativa, e quanto mais grosseiros e mais abjetos os desejos, mais abjetas são as agregações de matéria que melhor se expressam. Como o desejo faz vibrar a matéria correspondente no corpo astral, essa matéria torna-se fortemente vitalizada e atrai a matéria nova semelhante de fora de si, e assim aumenta a quantidade dessa matéria na constituição do corpo astral. Quando os desejos são gradualmente refinados e transformados em emoções, com a entrada de elementos intelectuais, e quando diminui o egoísmo, a quantidade da matéria mais sutil aumenta de modo semelhante no corpo astral, enquanto a matéria mais grosseira, não vitalizada, perde energia e diminui em quantidade.

    A aplicação prática desses fatos ajuda-nos a enfraquecer o inimigo entronizado dentro de nós, pois podemos privá-lo de seus instrumentos. Um traidor dentro dos portões é mais perigoso do que o inimigo fora, e o corpo do desejo age como esse traidor, enquanto for composto de elementos que respondem às tentaçõe do exterior." (continua)

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, Brasília, 2014, pgs. 185/186