A NATUREZA DA MEMÓRIA (II PARTE)



    "Vejamos agora o que acontece com relação ao veículo físico na recepção de uma impressão e da subsequente revocação dessa impressão, ou seja, na rememoração.

    Uma vibração oriunda do exterior atinge um órgão dos sentidos e é transmitida para o centro apropriado no cérebro, onde um grupo de células vibra; essa vibração as deixa num estado um tanto diferente daquele no qual estavam antes da recepção. O rastro dessa resposta é uma possibilidade para um grupo de células; outrora elas vibraram de uma maneira particular e, como grupo de células, retêm pelo resto de sua existência a possibilidade de novamente vibrar da mesma maneira sem mais uma vez receber um estímulo do mundo exterior. Cada repetição de uma vibração idêntica fortalece essa possibilidade, cada uma deixando seu próprio traço, mas serão necessárias muitas dessas repetições para estabelecer uma repetição autoiniciada. - as células aproximam-se mais dessa possibilidade de uma vibração autoiniciada por meio de cada repetição impelida do exterior. No entanto, essa vibração não cessou nas células físicas; ela foi transmitida para o interior, para a célula correspondente ou grupo de células dos veículos mais sutis, e por fim produziu uma mudança na consciência. Essa mudança, por sua vez, reage sobre as células, e uma repetição das vibrações é iniciada a partir do interior pela mudança na consciência; essa repetição é uma memória do objeto que deu início à série de vibrações. A resposta das células à vibração exterior, uma resposta imposta pelas leis do universo físico, dá às células o poder de responder a um impulso semelhante, embora mais faco, vindo do interior. Um pouco de energia é consumida em cada movimento da matéria num novo veículo, acarretando uma diminuição gradual da energia na vibração. Cada vez menos energia é consumida à medida que as células repetem vibrações semelhantes em resposta a novos impactos oriundos do exterior, e as células respondem mais prontamente a cada repetição. É nisso que está o valor do 'fora'; ele, mais facilmente do que qualquer outro meio, desperta na matéria a possibilidade de resposta, estando mais intimamwnte aparentado aos veículos do que o 'dentro'.

    A mudança causada na consciência também a deixa mais preparada para repetir a mudança do que na primeira vez, e cada uma dessas mudanças aproxima mais a consciência do poder de iniciar alterações semelhantes. (...) Devemos também lembrar que cada impacto, alcançando a veste mais recôndita e dando origem a uma mudança na consciência, é seguido de uma reação, a mudança na consciência causando uma nova série de vibrações de dentro para fora. Há a entrada até o Ser, seguida da saído do Ser. A primeira deve-se ao objeto que dá origem ao que chamamos de percepção; e a segunda deve-se à reação do Ser, causando o que chamamos de memória.

    Vária impressões sensoriais, chegando através da visão, audição, tato, paladar e olfato, são transmitidas do veículo físico através do astral até o mental. Aí elas são coordenadas numa unidade complexa, como um acorde musical é composto de muitas notas. Esse é o trabalho especial do corpo mental -  ele recebe muitas correntes e as sintetiza em uma; ele transforma muitas impressões em uma percepção, um pensamento, uma unidade complexa."  (continua dia 04.11.20)


 Anie Besant, um Estudo sobre a Consciência, Ed.Teosófica, 2014, pgs.