DESEJO, PENSAMENTO, AÇÃO


"O terceiro estágio do contato do Ser com o não Ser é a ação. A mente, tendo percebido o objeto do desejo, leva à ação, orienta e molda a ação. Frequentemente se diz que a ação surge do desejo, mas o desejo sozinho poderia apenas estimular movimento ou ação caótica. A força do desejo é propulsora, não diretiva. É o pensamento que acrescenta o elemento de direção e molda a ação deliberadamente.

Desejo, pensamento e ação - este é o ciclo sempre recorrente na consciência.

A força propulsora do desejo desperta o pensamento; o poder diretivo do pensamento guia a ação. Esta sequência é invariável, e sua clara compreensão é da mais profunda importância, pois o controle efetivo de conduta depende desta comprensão e de sua aplicação na prática. A moldagem do karma só pode ser realizada quando essa sequência é compreendida, pois somente assim é possivel separar a ação evitável da inevitável.

É pelo pensamento que podemos mudar o desejo e, consequentemente, mudar a ação. Quando a mente vê que certos desejos levaram a pensamentos que direcionaram ações que foram produtoras de infelicidade, ela consegue resistir a futuros impulsos de desejo de semelhante direção, recusando-se guiar as ações para um resultado que já sabe ser desastroso. Ela pode imaginar os resultados dolorosos e assim despertar a energia repulsiva de desejo, e pode imaginar o feliz resultado dos desejos de um tipo oposto. A atividade criadora do pensamento pode ser exercida na moldagem do desejo, e sua energia propulsora pode ser guiada numa melhor direção. Desta maneira, o pensamento pode ser usado para dominar o desejo e tornar-se soberano, em vez de escravo. Assegurando assim o controle sobre seu indisciplinado companheiro, dá início à transmutação do desejo em vontade, transferindo do exterior para o interior o controle da energia que flui - dos objetos externos que atraem ou repelem para o Espírito, o governante interior."

Annie Besant, Um Estudo Sobre a Consciência, Ed. Teosófica, Brasília, 2014, pgs. 180/181