O DESPERTAR DO DESEJO

 



"Remetemos todas as nossas sensações ao mundo astral. Os centros por meio do qual sentimos estão no corpo astral, e as reações desses centros para estabelecer contatos dão origem a sentimentos de prazer e dor na consciência. O fisiologista comum segue o curso das sensações de prazer e dor desde o ponto de contato até o centro cerebral, reconhecendo apenas vibrações nervosas entre a periferia e o centro, e, no centro, a reação da consciência como sensações. Nós seguimos as vibrações até mais além, encontrando apenas vibrações no centro cerebral e no meio que o permeia, vendo no centro astral o local em que ocorre a reação na consciência. Quando há um deslocamento entre os corpos físico e astral, seja pela ação de clorofórmio, éter, gás hilariante ou outras drogas, o corpo físico, apesar de todo o seu aparato nervoso, se percebe como se não tivesse nervos. Os elos entre o corpo físico e o corpo de sensações são desligados, e a consciência não responde a nenhum estímulo aplicado.

O despertar do desejo ocorre nesse corpo de sensação, e segue os primeiros vagos sentimentos de prazer e dor. (...)

Da vontade de viver surge a ânsia de experienciar; e no veículo inferior essa ânsia, aparecendo como desejo, torna-se, por um lado, o anseio por experiências que façam o sentimento de vida mais vívido, e por outro, um retraimento de tudo que enfraquece e deprime. Essa atração e essa repulsão são igualmente da natureza do desejo. Tanto a atração quanto a repulsão são decorrentes do desejo; e são elas as duas grandes energias motrizes na vida, nas quais todos os desejos são afinal convertidos. O Ser torna-se escravo do desejo, da atração-repulsão, e é atraído daqui para ali, repelido disto ou daquilo, precipitado entre os objetos que causam prazer e os que causam dor, como um navio desgorvernado em meio às correntes de ar e mar."

Annie Besant, Um Estudo sobre a Consciência, Ed. Teosófica, 2014, pgs. 176/178