O LADO SOMBRA DE NOSSA PERSONALIDADE (II)



    "A verdadeira felicidade não pode depender das circunstâncias externas que não estão sob nosso controle, mas de nossa decisão de ser feliz. 'Somos o senhor de nosso destino, o criador de nossa realidade'. As circunstâncias da vida são ditadas por nosso karma, que inclui nossos pensamentos de escassez. O modo como você vai encarar a vida depende de se você acha que merece ou não ser amado.

    Mas por que eu deveria ser amado? Ao fazer-nos essa pergunta, os nossos pensamentos parecem, à primeira vista, esperar que essa resposta venha de algo fora de nós. Mas, se continuarmos insistindo em refazer a pergunta, eventualmente vamos reconhecer que existe uma vida divina que nos cerca e que é parte de nós e que somos parte desta vida. Nossa natureza divina interior prenuncia, com suas vibrações amorosas, que nós realmente somos amados, ainda que as circunstâncias exteriores possam indicar o contrário.

    A experiência de escassez não é um sinal de que Deus está castigando você. Ao contrário, ela indica que você está mostrando a si mesmo uma crença negativa que precisa ser corrigida. (...)

     As melhores oportunidades para aprendermos sobre o amor são os nossos relacionamentos. Eles servem como espelhos e oportunidades para percebermos como vemos os outros e a nós mesmos no processo da vida. Os relacionamentos são também oportunidades para vivenciarmos um amor maduro, começando sempre por nós mesmos. Para conviver em paz com os outros precisamos entender que a aceitação nos liga a eles e a crítica nos separa deles. Vale lembrar que: 'Ainda que ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim'.

    A aceitação é de importância fundamental para trazer a paz às eternas discussões que temos com os outros, em que nosso pequenino eu quer sempre ter razão. Nesses momentos precisamos nos perguntar: 'Eu quero ter razão (vencer a discussão) ou ser feliz? ' Se eu prefiro ser feliz devo ceder a razão ao outro, como uma dádiva de amor. A busca por ter razão é apenas desperdício de energia e de foco. Ninguém é dono da verdade. O que temos de verdadeiro em nosso íntimo só diz respeito a nós.

    Com certeza, teremos mais paz em nossos relacionamentos quando pararmos de criticar e de dizer aos outros como eles devem viver e começarmos a praticar o amor, que é aceitação e perdão. Por essa razão as pessoas que buscam a paz em meio aos maiores problemas de relacionamentos – aqueles em que vivem os alcoólicos e dependentes de drogas e seus familiares – iniciam suas reuniões nos grupos de autoajuda pedindo luz e força com a Oração da Serenidade:

 'Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária Para aceitar as coisas que não posso modificar, 

Coragem para mudar aquelas que posso

E sabedoria para distinguir umas das outras'.

    As discussões abrem a porta para outros inimigos da paz e da felicidade: os julgamentos e as críticas. Acusar é ensinar a culpa e perpetuar a crença de que a dor e o sofrimento são necessários. Precisamos parar de justificar nossos julgamentos. A crítica (retirar o cisco do olho dos outros) é, geralmente, um mecanismo de fuga, ou seja, de projeção."

(Raul Branco, A Essência da vida Espiritual, Editora Teosófica, Brasília, pgs 45/47)