A REALIDADE EM NÓS MESMOS

                         

                  Neste excerto de N. Sri Ram, Um Vislumbre da Realidade, ele nos fala sobre uma consciência que é livre das limitações do Karma. e para que consigamos usufruir da beleza desse estado de ser, devemos "pôr fim de uma vez por todas às causas que a obnubilam, a remoção dessas causas, não é trabalho de um único momento, mas um processo de discernimento exercido sobre toda a gama de experiência necessária."

                           Portanto, não existe uma receita pronta, um milagre, ou algo que venha do externo para nos dar a compreensão de todo o trabalho que deveremos desenvolver para que possamos romper as cascas formadas por nossas próprias ilusões, deveremos trabalhar paulatinamente, pois discernimento gera discernimento.




                    A consciência que consegue penetrar na região da Realidade é uma consciência que está livre do ímpeto, do acúmulo, e da influência incessante de seu passado. Isto é Karma, cujo resultado ocorreu no passado, que é tanto psicológico quanto físico.

O Karma é o que criamos por nós mesmos através de forças operando de dentro de nós e forças precipitadas do exterior. Quer essa criação esteja na esfera de nossa própria psique, ou naquela esfera externa mais ampla da qual existem relações com outras entidades, tudo é do passado. Devemos livrar-nos desse passado que tanto nos vela quanto nos impede. Quando a consciência é capaz de ver e entender a natureza dos elos nos quais se envolveu é que será capaz de se libertar desses elos, cujas limitações se  impôs sobre si mesma na senda de uma aproximação precipitada. Ela então se torna desiludida, em um sentido belo dessa palavra.

A consciência simples – isto é, a consciência na inocência de sua infância – é atraída para um movimento muito sutil, e esse movimento é um impulso primeiramente de um apego leve e depois um apego crescente e cada vez mais forte pelo desejo de sensações de todo tipo. Os primeiros movimentos gradualmente ganham ímpeto até que se tornam um redemoinho regular; a mente, presa nesse redemoinho, incapaz de ver com clareza, gira e gira durante um longo tempo em uma espiral viciosa. Nossos apegos têm uma maneira de crescer como de aprofundar, porque uma coisa gradualmente nos prende a outras por associação. Eventualmente, através do exercício do discernimento que a pessoa ou essa consciência inevitavelmente desenvolve, a totalidade desse redemoinho ou sorvedouro é endireitada. Usamos nossa livre inteligência para, através das ilusões que aceitamos, vermos as várias formas de condicionamento que sofremos. A libertação, no sentido de uma liberdade externa das circunstâncias que limitam e compelem, logo seguirão a obtenção da liberdade interior.

N. Sri Ram, Um Vislumbre da Realidade, Editora Teosófica, Brasilia, 2020 pgs. 44