ÓRGÃOS FÍSICOS DA CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL


 

     "Há certos órgãos no corpo físico que são, uma vez desenvolvidos, o meio pelo qual a consciência espiritual e também a conscientização do reino psíquico podem ser trazidos à consciência física. As duas glândulas no cérebro, o corpo pituitário e a glândula pineal, são muito importantes a este respeito. Durante a vida, o cérebro, com todas as câmaras e centros, pulsa com luz. Mediante um esforço espiritual constante isto se intensifica e a luz toma um movimento oscilante. 'O arco da pulsação do corpo pituitário eleva-se, mais e mais, até que, qual uma corrente elétrica quando se choca com um objeto sólido, a corrente finalmente atinge a glândula pineal, e o órgão adormecido é despertado e posto a brilhar com o puro fogo Akáshico'.(1) Um vez desperta a glândula pineal, 'a luz que se irradia deste sétimo sentido ilumina os campos da infinidade. Por uma pequena fração do tempo o homem se torna onisciente; Passado e Futuro, Espaço e Tempo tornam-se para ele o presente (o Eterno Agora dos filósofos). Se é um Adepto, ele armazenará em sua memória física o conhecimento assim adquirido e nada, salvo o crime de se permitir magia negra, pode obliterar essa lembrança. Se é somente um chela (discípulo), apenas fragmentos de toda a verdade se imprimirão em sua memória, e ele terá de repetir o processo por muitos anos, nunca deixando que um grão de poeira o macule, mental ou fisicamente.'  

    Portanto a glândula pineal é o órgão físico para trazer a consciência espiritual à consciência física, e a glándula pituitária é o órgão para despertar a consciência do plano psíquico circundante. Ela é ligada também com os olhos e com o centro etérico entre as sobrancelhas. Outros transmissores físicos das impressões interiores são os sete grandes centros, mais ou menos correspondentes aos grandes plexos nervosos, chamados no Oriente Chacras ou 'Rodas'por causa de seus movimentos de rotação. Eles estão situados na base da espinha, próximo ao baço, na cintura (o familiar plexo solar), no coração, na garganta, entre as sobrancelhas e no topo da cabeça. Todos estes são, quando completamente desenvolvidos, órgãos de visão interior e de resposta. Eles podem ser desenvolvidos, especialmente, por certos meios ocultos, ligados com o estímulo e direção do 'fogo de Kundalini', enrolado na base da espinha, mas isto é muito perigoso e doloroso; a menos que seja feito sob a direção de um verdadeiro Adepto, deve ser deixado de parte. Os diversos chacras devem ser desenvolvidos natural e lentamente por uma vida espiritual e altruística.

      Há também três canais para o acesso das forças espirituais na espinha, chamados no Oriente os 'alentos vitais'. Um sobe em linha reta no centro da espinha e se irradia do grande chacra no topo da cabeça. Este é chamado no Oriente o Sushumna Nadi. Ele é acompanhado em cada lado por dois outros, um positivo e outro negativo, de acordo com as forças que veiculam, e chamados respectivamente Ida e Pingala. Eles se cruzam da maneira representada no símbolo antigo do Caduceu e, finalmente, um penetra no corpo pituitário e outro na glândula pineal. As asas no símbolo indicam a alma livre do homem que aprendeu a despertar e usar os poderes ocultos. É um fato interessante que as forças positivas e negativas agem em direções opostas nos corpos dos homens e das mulheres. 

    Pode-se discernir uma sensação de queimadura ou calor em certas partes da espinha. A mesma sensação poderá ser percebida às vezes na vizinhança dos chacras, bem como uma sensação de formigamento, assemelhada, no Oriente, ao 'movimento de uma formiga' Um estado de meditação acarreta por vezes uma sensação de calor. Esses pequenos sintomas são indicações de movimento e vida, mas não é necessário que sejam levados muito a sério. 

    A presença dos três 'alentos vitais' na espinha é uma das razões porque a postura de meditação, chamada posição “Lótus”, é a favorita no Oriente. Esta consistem em sentarse com as pernas cruzadas como se cruzam os braços, descansando assim sobre os ossos pélvicos e deixando a espinha ereta e livre. Isto é às vezes difícil de ser conseguido pelos ocidentais com seu ossos enrijecidos. 

     Cumpre que se diga aqui uma palavra sobre exercícios respiratórios, chamados Pranayama no Oriente. Esses, mais uma vez, não devem ser feitos por Ocidentais, exceto sob a direção de um professor Adepto. Eles, algumas vezes, produzem resultados desastrosos, e põem aqueles que o praticam sob o controle de forças com os quais o aprendiz não está apto a lidar. 

     A respiração comum, completa e profunda, é uma prática excelente, mas não outras formas, tais como aquelas que consistem em reter a respiração, por exemplo. O que há de racional no Pranayama é a conexão sutil entre a respiração e os estados mentais, como podemos ver por nós mesmos, pois não é coisa fácil pensar claramente numa sala abafada. Em estados profundos de meditação, a respiração se altera naturalmente. Tudo que eu escrevi acima é interessante e, espero, um tanto útil. Mas o verdadeiros resultados da meditação e aspiração não param aqui. Para ver o verdadeiro resultado, olhe para trás, depois de um ano de prática e observe a sensibilidade progressiva para o invisível e para as coisas sutis, o gradual aprofundamento e purificação do caráter, a ampliação da perspectiva, o aumento da desposta simpática e afável às necessidades dos outros e a aurora do sentido de proximidade da Eternidade.

1.A Doutrina Secreta, III, 505. 

Clara Codd,  Técnica da Vida Espiritual. Ed. Teosófica, pg. 81