O CORPO FÍSICO

     


    "Na enumeração dos sete princípios, começa-se naturalmente pelo corpo físico do homem, visto que, na realidade, é de todos o mais evidente. É constituído por moléculas materiais segundo a acepção geral do termo, com cinco órgãos de sensação, os cinco sentidos, órgãos de locomoção, cérebro e sistema nervoso e vários aparelhos destinados ao exercício das diversas funções necessárias à continuidade da existência. Sobre esse corpo, pouco há a dizer num esboço tão ligeiro como este acerca da constituição do homem. A ciência ocidental está prestes a aceitar o critério teosófico que sustenta ser o organismo humano formado de inúmeras 'vidas', que constituem as células. Mme. H. P. Blavatsky diz a este respeito: 'Nunca a ciência foi tão longe como quando afirma, de mãos dadas com a doutrina oculta, que os nossos corpos, assim como os dos animais, das plantas e dos minerais, são totalmente constituídos por seres (bactérias etc.), os quais, com exceção de algumas espécies maiores, nenhum microscópio pode descobrir ... Descobriu-se que os constituintes físicos de todos os seres são idênticos e a Química diz-nos que entre a matéria que forma o boi e a que forma o homem não existe a mais pequena diferença. Mas a doutrina oculta é ainda mais explícita, quando diz: não são apenas os componentes químicos que são os mesmos, mas sim todas essas infinitésimas vidas invisíveis que compõem os átomos dos corpos das montanhas e dos malmequeres, do homem e do macaco, do elefante e da árvore que o abriga do sol. Cada partícula, chame-se-lhe orgânica ou inorgânica, é uma Vida. Cada átomo e cada molécula existentes no Universo são por sua vez geradores de vida e de morte para aquela forma." (1) Os micróbios 'fabricam o corpo material e as suas células', sob a forte influência da energia construtora da vitalidade - expressão que explicaremos mais tarde quando nos ocuparmos da 'Vida" como terceiro princípio. - Mal a 'Vida' cessa, os micróbios retomam a sua liberdade como agentes destruidores, e destroem e desintegram, e assim se desfaz o corpo.  A consciência puramente física é a consciência das células e moléculas. O que os filósofos chamam 'memória inconsciente' é a memória dessa consciência física, que realmente é inconsciente para nós, enquanto não podemos focar nela a consciência cerebral. Aquilo que nós sentimos não é o que as células sentem: é a consciência cerebral atuando no plano físico que nos faz sentir uma dor física. 

    A consciência da molécula, a par da agregação das moléculas, a que chamamos células, impele-a, por exemplo, a apressar a reconstituição dos tecidos afetados, sem que o cérebro tenha a mais pequena consciência dessa operação, e a sua memória determina a repetição do mesmo ato, até o processo de organização dos tecidos estar completamente realizado. E assim se explicam as cicatrizações, calosidades etc.  

    A morte do corpo físico dá-se quando a energia vital reguladora perde a sua atividade, deixando em liberdade os micróbios que assim ficam aptos a seguir os próprios impulsos; as 'muitas vidas', faltas de coordenação, separam-se umas das outras e começa então o que chamamos decadência. O corpo converte-se num turbilhão de vidas desenfreadas e irregulares; a sua forma, resultante da correlação destas muitas vidas, destrói-se, desagrega-se como consequência da exuberância de cada uma das energias individuais, agora sem governo. A 'Morte' não é mais do que um aspecto da 'Vida', e a destruição de uma forma material não é mais que o prelúdio para a constituição de uma outra." 


Annie Besant, Os Sete principios do Homem, Editora Pensamento, pg 5.