A TIRANIA DOS OPOSTOS II

 

      
    Rohit Mehta na Ciência da Meditação, no capítulo a Tirania dos Opostos, ressalta a importância de percebermos o movimento que a mente faz e sabermos que ela não soluciona nenhum problema e tampouco nos traz algo novo, quem faz isso é a Consciência.


    E todo o nosso processo mental que obstrui o processo meditativo é em relação ao tempo. Caso nos entreguemos às projeções que a mente faz, gerando culpa, mágoa ou ansiedade é um processo muito penoso para o homem, e o resultado são as obstruções energéticas, as quais são repetidas vida após vida. E, ao mesmo tempo que existe o desejo de sair dessa prisão mental, não se encontra a solução, porque ela não está no mesmo nível em que se gerou o problema. A isso, o autor chama de a tirania dos opostos: “um movimento entre os dois pontos opostos é a única coisa que a mente é capaz de sugerir. Aqui os dois pontos opostos são luta e submissão”.


    Ora lutamos, ora nos submetemos às impiedosas criações da mente e isso exaure, qual seria a solução?


 



    "As filosofias do Oriente apresentaram uma palavra diferente, carma, para indicar o fluxo do tempo. Carma é realmente o movimento do tempo, do passado e do futuro. O homem deseja obter o controle sobre esse movimento do carma, e é isso o que ele tenta fazer ao querer encobrir o movimento do tempo natural através da superimposição do fluxo do tempo criado pela mente e a partir do seu próprio pano de fundo mental de gostos e aversões, de rejeições e indulgências. Mas como vimos tal superimposição é inútil. É como esconder a cabeça na areia, como faz o avestruz, esperando que ao assim fazer a vontade existente se torne não existente. Uma tal superimposição implica em uma recusa de se ver O QUE É. É a partir da recusa que o homem engaja-se na luta da submissão. Luta-se contra aquilo que o carma traz, ou submete-se aos seus ditames esperando que ao assim fazer o futuro lhe traga alegria e felicidade. A questão é: o que mais pode o homem fazer? Além da luta e da submissão existe qualquer outra maneira de se lidar com as situações da vida? (...)
    Mas existe um Terceiro Caminho? Em caso afirmativo, o que é? Se não existe um Terceiro Caminho então o homem deve conformar-se com o fato de que o seu problema jamais poderá ser resolvido. Mas certamente não deve ser assim. Deve haver um Terceiro caminho. Porém, esse caminho não pode ser descrito; pode ser apenas experienciado. Pode ser descoberto, mas não pode ser definido. Se pudesse ser definido a mente se apossaria dele, e fomularia o seu oposto, que em termos da mente seria o Quarto Caminho. Quando isso é feito a mente pode mover-se entre os dois opostos recém-formulados, e assim uma vez mais adiar a solução dos problemas da vida. Um movimento entre os dois opostos é realmente um movimento de adiamento. E a mente está interessada em adiar a solução indefinidamente, pois só no adiamento pode a mente buscar continuidade."

Rohit Mehta, A Ciência da Meditação, Ed. Teosófica, Brasília, 2009, pgs. 11/12