A TIRANIA DOS OPOSTOS III

     

    Vimos até aqui que a grande dificuldade na meditação é a mente concreta que forma um "círculo fechado de opostos", como diz Rohit Mehta, que não pode ser rompido pela própria mente.

    Mas a meditação não pode ser algo impossível de se obter, conforme nos diz Clara Codd em seu livro Meditação sua prática e resultados, Ed. Teosófica: "A meditação não é, como algumas vezes se supõe, uma arte difícil e antinatural. Ela é a gloriosa expansão e superação dos poderes normais do coração e da mente, e poder ser, em alguma medida, praticada por toda alma viva."

    Portanto, se comecarmos a aprender os movimentos que a mente concreta faz, para continuar no controle, poderemos começar a desenvolver a intuição. Sim, precisamos parar, nos observar e percebermos que algo está trabalhando e trazendo pensamentos à tona através da memória, ou está procurando nos deixar preocupados com as incertezas de um futuro próximo ou remoto. Quando a Clara Codd nos diz que a meditação é: "a gloriosa expansão e superação dos poderes normais do coração e da mente", ela está nos exortando a desenvolvermos potenciais que estão aquém da personalidade. E para isso, precisamos desenvolver o Terceiro Olho, o nosso sexto chakra, que nos dá condições de termos insights, que irá nos permitir superar os círculo fechado da mente, como diz Rohit Mehta. Mas para isso, precisamos parar, sentar, respirar, observar e refletir.


    

    "Como sabemos se existe um terceiro caminho ao longo do qual os desafios da vida podem ser eficazmente enfrentados? Qual é o caminho para sua descoberta? É bastante óbvio que o Caminho até ele não pode ser encontrado sem os limites do processo do pensamento. A não ser que ocorra uma interrupção na continuidade do pensamento esse novo caminho não pode ser descoberto. Essa quebra na continuidade pode ocorrer por apenas uma fração de segundo, ou pode ter uma duração maior. Mas a quebra é essencial, pois é apenas em tal quebra que pode ser obtida uma abertura no círculo fechado do pensamento. (...)

    O homem moderno está fortemente dilacerado pelos conflitos psicológicos interiores que são as criações da mente. É óbvio que a mente não pode resolvê-los; aliás, quanto mais ela tenta resolvê-los mais complicados eles se tornam. E assim o homem deve explorar um novo caminho que não é o da mente. A mente deve estar num estado de 'ausência da mente'*, para usar a fraseologia do Maitri Upanishad, se o homem quiser libertar-se dos conflitos intermináveis nos quais está preso. E é no estado de meditação que a mente pode entrar no estado de 'ausência da mente'. Desse modo a meditação torna-se imperativa para o homem moderno se ele quiser livrar-se das tensões, pressões e estresses da civilização tecnológica. Ele pode ignorar o caminho da meditação apenas para seu risco próprio. No círculo fechado da mente, um problema pode ser mudado, mas não resolvido.    Mas a crise psicológica que tomou conta da humanidade é de natureza tão urgente que o homem não pode mais se permitir simplesmente mudar o problema, ou buscar um simples adiamento com respeito à sua resolução. O homem deve agir e agir imediatamente, para sua própria sobrevivência psicológica. Para isso ele deve explorar os segredos e mistérios da meditação. Que segredos são esses? E como podem ser eles revelados?"

*Mind-less, no original. (N. ed. bras)

Rohit Mehta, A Ciência da Meditação, Editora Teosófica, Brasília, 2009, pgs. 13/14