O QUE É E O QUE NÃO É MEDITAÇÃO I

 



    Já entendemos até agora que se a nossa mente estiver repleta de ondas de pensamentos, ela pode nos impedir que quebremos o bloqueio formado por formas pensamentos, os quais são geradores de fortes emoções e hábitos constituídos de uma matéria mais densa do plano astral, os quais nos impedem de vibrar em frequências mais elevadas.

    Ao transmutar nossas emoções e pensamentos por outras de níveis mais elevados, a mente ficará mais calma e clara, silenciando. A possibilidade de nos conhecermos melhor e entrarmos em contato com o que há de mais sagrado e divino dentro de nós é grande.

    Porém, é importante saber o que a meditação não é, pois existem muitas teorias e práticas ensinadas, como uma receita de bolo, inviabilizando essa prática que é única, uma vez que cada um encontra a sua forma, assim como vivencia suas próprias experiências.


    "Diz-se, e com razão, que a vida é relacionamento, o que implica que viver é agir. A ação é uma parte essencial da vida. Devemos agir com nas situações da vida, de acordo com o fluxo que carma nos traz. Mas a questão é: como agir corretamente? A ação correta foi definida como fazer a coisa correta, na hora correta, e da maneira correta. Este é o que, o quando e o como de todas as ações com referência aos desafios e impactos da vida. É de algum modo fácil entender o conteúdo e o padrão da ação, mas saber o momento exato para a sua execução parece extremamente difícil. Já que o tempo está num estado de fluxo constante, ou, para dizer de outra maneira, o tempo é em si mesmo o fluxo, antes que a pessoa possa tornar-se perceptiva de um momento, aquele momento mergulha no passado. E assim a questão prática é: como agir no momento correto sabendo que não se pode reter aquele momento por qualquer extensão de tempo? Mesmo se o conteúdo e o padrão da ação forem corretos, a exatidão do momento na execução da ação parece fora do alcance do homem. E todavia o sucesso de uma ação depende da sua execução no momento correto. Se o momento psicológico for perdido, uma ação, por mais nobre e perfeita que seja, deixa de produzir o resultado necessário. Como estar perceptivo do momento psicológico correto, e como agir naquele momento mesmo quando o momento em si mesmo não dura? 
    Nem é necessário assinalar que o momento correto é o momento presente, o momento intocado seja pelo passado ou pelo futuro. A mente humana no seu processo de pensamento move-se do passado para o futuro. Ela não está perceptiva do presente porque o presente é um momento eterno. A mente tem sua existência apenas no tempo, e já que o momento eterno implica na cessação do tempo, estar perceptivo do tempo requer a cessação do pensamento. É um estado onde a mente tem que realizar uma experiência de ausência de mente. Assim, uma percepção do momento presente implica na morte da mente. Desse modo, qualquer ação executada ou iniciada pela mente é uma reação seja de um passado lembrado ou de um futuro antecipado. A mente é um eterno estranho para a ação correta. As suas ações surgem dos dois opostos, passado e futuro. A pessoa só pode agir corretamente quando cessa o processo do pensamento. Esse é deveras o estado de meditação e, assim, o homem pode agir de maneira correta somente na percepção que lhe é conferida no estado de meditação. Se na meditação ocorre a abertura do Terceiro Olho, então certamente esse Olho traz a percepção daquele momento, o momento correto ou psicológico, no qual apenas a ação correta é possível. Deve-se entender que a percepção correta é a própria ação correta. O que o Terceiro Olho percebe é o Terceiro Caminho. Na percepção jaz o início da ação. No pensamento conceitual sempre existe a questão da reação. Na percepção, e, somente aí, nasce a verdadeira ação. Se tal percepção surge no momento da meditação, então a pessoa deve saber o que é meditação, qual a sua técnica, e o que ela faz para que ocorra a cessação do pensamento. 
    Mas antes que possamos compreender o que é meditação, devemos saber com clareza o que a meditação NÃO É. Existe muita confusão nas mentes das pessoas, tanto no Ocidente quanto no Oriente, referente ao tema da meditação. Isso se deve a essa confusão de que muitas práticas de meditação, mais espúrias que genuínas, estão em voga hoje em dia. A necessidade que o homem moderno tem da meditação é tão urgente que ele está disposto a fazer qualquer experimento que lhe seja sugerido no campo do Yoga e da meditação. Ele chegou ao limite de todos os seus esforços mentais e descobriu que, enquanto saía em busca de pão, tudo o que conseguia eram pedras."

Rohit Mehta, A Ciência da Meditação, Editora Teosófica, Brasília, pg. 15/16