O LADO OCULTO DAS CONDIÇÕES MENTAIS (FORMAS-PENSAMENTO)

    "As pessoas também se vestem nos outros mundos, embora de maneira algo diferente. Porque no mundo astral elas constroem ao redor de si um verdadeiro traje com os sentimentos que lhe são comuns, e no mundo mental um traje análogo com os pensamentos que alimentam. Ao dizê-lo, eu desejaria que ficasse perfeitamente claro que não estou falando simbolicamente, senão descrevendo um fato objetivo – objetivo no que tange àqueles planos mais sutis. Já foi mais de uma vez explicado que nossos sentimentos e pensamentos geram formas-pensamento definidas na sua respectiva matéria, e que tais formas seguem os pensamentos e os sentimentos que as criaram. Quando são eles dirigidos para outra pessoa, as formas em verdade se movem pelo espaço em direção a essa pessoa, introduzem-se na sua aura, e com esta se fundem em muitos casos. Quando, porém, os pensamentos e sentimentos são autocentrados (o que receio deve suceder com a maioria das pessoas), as formas não passam, mas continuam se agrupando em torno daquele que lhes criou. Todo ser humano constrói para si mesmo uma concha de formas-pensamento – uma verdadeira vestimenta em seu plano; assim, todos os pensamentos e sentimentos reagem constantemente sobre ele próprio. Ele os gerou; ele os tirou de si; e situam-se agora exteriormente e são capazes de reagir sobre ele, que não tem, contudo, consciência de sua proximidade e de seu poder. Pairando à sua volta, as forças que irradiam lhe parecem vir todas de fora, e muitas vezes ele as considera como tentações procedentes de alguma fonte externa, quando o pensamento é, com efeito, somente um reflexo do seu próprio pensamento da véspera ou da semana anterior. 'Como pensa uma pessoa, assim ela é'. E deve-se isso principalmente a que seus próprios pensamentos estão mais próximos, atuando seguidamente nela, e têm assim mais oportunidade que outros de influenciá-la. 
    As constantes radiações emitidas por suas formas-pensamento impregnam os objetos inanimados que acercam, de modo que até as paredes e os móveis do seu quarto refletem sobre ela os pensamentos e os sentimentos que lhe são habituais. Se uma pessoa sentada numa cadeira em certa sala se entrega durante muitos dias a alguma série ou tipo de pensamentos, ela enche os objetos ao seu redor , a cadeira, a mesa, as próprias paredes da sala, com vibrações que correspondem a esse tipo de pensamentos. Inconscientemente, ela magnetiza os objetos físicos, que adquirem o poder de sugerir pensamentos do mesmo tipo a qualquer pessoa que ficar dentro do raio de sua influência. Muitos exemplos flagrantes disso podem encontrar-se nas inúmeras histórias que se referem a tais assuntos. Já citei o caso de várias pessoas que cometeram suicídio, uma depois da outra, na mesma cela de prisão, por se achar o lugar impregnado dessa ideia e lhe sentirem a influência, como uma força externa, que, acreditavam, os compelia a obedecer. 
    Dessas considerações emergem duas ideias principais sobre a questão dos nossos sentimentos, e que à primeira vista parecem de todo contraditórias: em primeiro lugar, que devemos ser mais cuidadosos em nossos sentimentos; em segundo, que eles carecem de importância. Mas, quando procuramos a explicação dessa aparente contradição, verificamos que ela consiste em não estarmos empregando a palavra 'sentimentos' com a mesma acepção nos dois enunciados. Devemos ser cuidadosos com os sentimentos que deixamos surgir em nós; não dar atenção aos sentimentos que, procedentes de fora, buscam fazer pressão sobre nós. Sim; mas no primeiro caso queremos dizer sentimentos originais, sentimentos-pensamentos, que promanam de nossa própria mente; no segundo, estados de espírito que acontecem, não relacionados com a nossa vontade. Estes últimos nós temos condição para afastá-los inteiramente. O estado de espírito provém de nosso pensamento de ontem, que já não podemos modificar; nossa questão se entende com o pensamento original de hoje, visto que este está ao alcance de nosso comando, e quando se insinua, nós podemos recebê-lo e adotá-lo ou podemos rejeitá-lo. E isso também é verdade quanto aos nossos sentimentos. Pretende-se que não somos donos de nossos sentimentos: é o que pensam as pessoas comuns e não compreensivas; mas tal coisa não encerra um átimo de verdade. Nós os podemos evitar e governar, se o quisermos."

C. W. Leadbeater, O Lado Oculto das Coisas, Editora Teosófica, 2017, pgs. 299/301